Série completa de romance contemporâneo +18

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Uma história cheia de paixão com uma garota curvilínea e seu sexy personal trainer…

Cameron Collins é uma garota que, na sua adolescência, manteve seu peso sob controle e se exercitou de maneira constante porque seu maior sonho era chegar às passarelas mais importantes da moda.

Ela tinha tudo, beleza, altura e…. mais de 100 cm de quadril. Infelizmente esta característica que arrancava desejos do sexo oposto, não se encaixava na indústria da moda, que a rejeitou de maneira cruel por ser ‘gorda’.

Isto transformou Cam em uma garota introvertida, insegura e a mergulhou em uma espiral prejudicial à sua saúde.

Quase com 30 anos, refugiada no seu estúdio de tatuagens e resignada que o chocolate é e será o amor da sua vida, o destino a surpreende com uma oportunidade de ouro para alcançar as passarelas e conhecer Keith Grant, um homem perseverante, prático e com uma habilidade quase inata para conseguir que as pessoas sigam os seus conselhos e desejos.

Por causa do seu sucesso profissional ele foi o escolhido para a importante tarefa de devolver para Cameron a vontade de lutar pelo seu sonho e o mais importante, amar a si mesma.

Ele irá conseguir ensinar para Cameron que não apenas o chocolate acalma a ansiedade? Será ela que irá ensinar para Keith que é preciso lutar por aquilo que se ama? Talvez ambos irão receber a melhor lição das suas vidas?

Aos 34 anos, Keith Grant era um homem bem-sucedido. Pode-se dizer que ele tinha alcançado tudo o que ele tinha se proposto desde criança. Ele cresceu em uma família de fãs de esporte. Seu irmão mais novo, Charlie, estava entre os dez melhores golfistas em todo mundo e Keith estaria jogando na NFL se não tivesse sido por uma lesão que sofreu durante a partida de final da temporada no último ano da universidade.
Após a lesão, os médicos proibiram que ele voltasse ao campo e praticasse algum esporte que pudesse constituir um risco para ele. Sua reabilitação precisou de pesos para fortalecer os músculos, ele passava a maior parte do dia na academia e foi quando ele percebeu que sua vocação estava lá, diante dele, com todas aquelas máquinas de treinamento. Ele se dedicou aos exercícios de curta duração, baixo impacto e eficácia máxima, transformando-se em um dos personal trainers mais famosos do país após fazer Bill Newman, apresentador de um noticiário matinal de prestígio, perder muito peso
Esta foi a sua catapulta para o sucesso. De um garoto do sul do Texas, passou a ser o personal trainer de muitos famosos em Los Angeles.
Keith sabia o que fazia, amava seu trabalho. Às vezes acreditava que, talvez, se tivesse entrado na NFL não teria sido tão feliz como era trabalhando por conta própria e ajudando muitas pessoas a ter uma boa aparência e a cuidar da sua saúde.
Apesar de se tornar o escultor de corpos das celebridades, ele tinha conseguido se manter escondido das câmeras e com um perfil muito discreto. Seus cartões de visita e a recomendação boca a boca eram o suficiente para ter a agenda cheia os 365 dias do ano.
Os últimos dois anos tinham sido uma verdadeira loucura, muito satisfatória. Neste período, um produtor de televisão esteve lhe assediando até que, por angústia, Keith aceitou sua proposta para participar do piloto de um reality show para a Tv chamado ‘Corpos Saudáveis’ no qual se reuniam pessoas com todos os tipos de transtornos alimentares e estabeleciam-se metas para aprender a comer de maneira saudável, perder peso ou ganhar – conforme o caso – e sentir-se bem consigo mesmo.
O programa de televisão tinha levado Keith para outro nível. Agora ele era reconhecido pela população, não ao nível de uma estrela de cinema, mas não como quando era o simples personal trainer das estrelas de cinema. Algumas vezes lhe pediam autógrafos, outras, conselhos sobre alimentação. Era convidado para programas sobre saúde, tinha seu próprio canal no YouTube com milhões de seguidores e além disso, estava em negociações para gravar um programa de alimentação e exercício de vendas pela internet a partir do seu site.
Trabalho ele tinha de sobra e apesar disto, estava em Nova York porque Eve Collins, a relações públicas da revista Fashion View, tinha telefonado para ele fazia dois dias para apresentar um projeto especial.
Ele queria seguir os conselhos da sua mãe para não se sobrecarregar de trabalho, mas estava curioso para saber o que poderia oferecer de ‘especial’ uma revista de moda. Levando em consideração que ele achava a indústria um tanto culpada por todos os problemas de autoestima que muitas garotas enfrentavam. Ele ficou feliz em saber que as tendências começavam a mudar. Era cada vez mais comum ver nos outdoors garotas com um pouco mais de recheio no corpo do que aquelas da década dos anos 90.
Estas mulheres eram esqueléticas. Com todas as mudanças atuais, as modelos famosas continuavam sem ser apetitosas para ele e para muitos outros homens, assim como muitas garotas ainda eram incapazes de não se deixar dominar pela angústia que produzia não ter um corpo perfeito como a top model do anúncio de jeans ou as famosas ‘ángels’ de uma empresa de cosméticos.
Para Keith, uma mulher tinha de ser uma portadora digna das suas curvas. Mostrar uma elegância sensual que seduzisse o sexo oposto e isto só se conseguia quando a mulher se sentia bem consigo mesma e deixava de cumprir os padrões exigidos pela sociedade para encaixar-se dentro do cânone de beleza permitido.
Esta era a primeira coisa que ensinava aos seus clientes: conhecer seu corpo e entender porque ele nunca ia ser igual a outro.
— Sr. Grant — a mulher que o tinha atendido na recepção o tirou dos seus pensamentos. — Entre, por favor.
Keith levantou, alisou seu terno cinza e seguiu a garota que lembrava a sua prancha de surfe. Mas se a observasse de lado, estava convencido que sua prancha pareceria mais grossa.
A garota o levou até um escritório elegante com janelas amplas que inundavam a sala de luz natural e por sua vez, ofereciam a melhor vista da cidade.
Duas mulheres, com uma grande semelhança entre elas, estavam sentadas em um sofá.
Keith pode deduzir em um instante que se tratava de mãe e filha.
Ambas se levantaram para recebê-lo e estenderam a mão para se apresentar como era devido.
— Bem-vindo, Sr. Grant. Sou Agnes Collins. E ela é Eve, minha filha e quem telefonou para você faz dois dias.
Keith respondeu com amabilidade o cumprimento.
— Sente-se, por favor — Eve disse. Ele não conseguiu evitar fazer um exame rápido e muito prudente de Eve. Ela tinha um bom traseiro e pernas firmes, embora observasse dos joelhos para baixo porque era o que a saia da garota permitia ver. Ah! Sim e seios de bom tamanho.
— Imagino que você deva estar se perguntando porque uma revista de moda o chamou? —Agnes perguntou quando eles se sentaram no sofá.
Eve colocou uma xícara de café para ele na mesa de centro que havia na frente deles.
— Obrigado — ele sorriu para a garota que respondeu ao seu sorriso de maneira descarada, apesar de estar na frente da sua mãe. Seus olhos, quase negros, eram muito expressivos — Sim, a verdade, Sra. Collins, é que estou curioso para saber como posso ser útil para vocês.
— Em primeiro lugar, por favor, me chame de Agnes. A Sra. Collins era minha sogra e nunca tivemos um bom relacionamento — um ligeiro sorriso se desenhou nos lábios de Keith. — Em segundo lugar, nós o chamamos porque — ela fez uma pausa — alguma vez você já leu nossa revista?
Keith sentiu-se envergonhado neste momento.
Não, ele pensou, Para que diabos ele ia ler uma revista de moda feminina?
— Eu não o culpo — Agnes respondeu vendo a expressão de Keith e arregalando seus grandes olhos castanhos. — Sempre falamos sobre o mesmo… fotografamos o mesmo e…
Eve interrompeu sua mãe.
— Estamos tentando atualizar a revista — em seguida, ela se dirigiu a sua mãe. — Além disso, mamãe, embora a revista fale sobre temas diversos, nosso público é feminino. Não vejo o Sr. Grant lendo o número de Natal onde dávamos sugestões de como alcançar orgasmos mais intensos e seguidos em uma única noite.
Keith estava começando a sentir uma atração por esta mulher que falava de sexo na frente da mãe sem sequer se ruborizar e com a grande habilidade de lançar alguns olhares para ele que, no seu mundo masculino, ele sabia muito bem o que queria dizer. Principalmente quando uma mecha de cabelo era colocada, com delicadeza, atrás da orelha.
Agnes revirou os olhos para o céu.
— Santo Deus! Você nunca vai ter um cabo de edição para filtrar um pouco o que você diz? — a mãe protestou envergonhada e depois dirigiu-se novamente a ele. — Desculpe a sinceridade da minha filha, Sr. Grant. Posso chamá-lo de Keith?
— Por favor — ele respondeu sorrindo e pensou quão divertido devia ser um jantar na casa dos Collins, se faltava a todos este cabo de edição que Agnes garantia que sua filha não tinha, sem perceber que o dela também não funcionava muito bem.
— Bem —Agnes tomou um pouco do seu café e continuou. — Com esta mudança da revista, conseguimos planejar com nossos parceiros como será a nova imagem da moda. Sabe, alguns de nós conseguimos que o padrão do corpo das modelos vá mudando na indústria porque são muitas as pessoas que se sentem afetadas pela pressão para parecer bem…
— Perfeitas. E, desculpe-me a interrupção — Keith a interrompeu, obtendo um sorriso sincero da parte de ambas as mulheres.
— Exato — Agnes continuou. — Levando isto em consideração, decidimos criar uma campanha que inclua o que eles chamam de modelos de tamanho grande, que nada mais é do que mulheres normais. No entanto, embora sejam mulheres normais, não queremos promover a obesidade que é um problema muito sério no nosso país — Agnes fez uma pausa. — Também iremos incluir garotas altas, baixas, com muito ou pouco busto, com defeitos ou cicatrizes, porque não vamos usar o retoque fotográfico e queremos que elas sejam de todas as etnias. Queremos romper com os cânones que a própria indústria estabeleceu.
— Compreendo.
Keith preferiu aguardar para que fizessem a proposta formal para continuar falando. Ele gostava do que ouvia.
Finalmente a indústria estava começando a compreendê-lo.
— Temos a modelo com ‘curvas’ apesar de que estamos apenas iniciando o casting para a campanha — Agnes mencionou.
— Não mãe, nós não a temos. Bem, sim, mas é que ela não sabe — ela explicou para Keith que não quis antecipar-se a pensar nada. Ele não pode deixar de ter um pressentimento que isto que elas iam lhe oferecer não ia ser fácil.
Agnes fez uma inspiração quase ayurvédica.
— Veja, Keith, você se lembra de alguma coisa sobre Cameron Collins? — Eve perguntou.
— Mmm, a verdade é que não — mas pelo sobrenome imaginou que fosse algum parente.
— Bem, é minha irmã mais nova. Ela é muito reconhecida em Nova York pelos fãs de tatuagens. Ela sempre sonhou em ser modelo e faz mais de uma década a indústria a rejeitou pelas suas ‘curvas’, embora naquela época ela se mantinha em boa forma física e tinha uma alimentação muito balanceada. Antes de decidir se quer ou não aceitar a oferta que minha mãe tem para você, você deveria ler este relatório que preparamos para você — ela lhe entregou um envelope que continha uma pasta com várias folhas e fotografias.
— Cameron é um pouco difícil de administrar por tudo que passou desde que decidiu se tornar modelo — Agnes retomou o curso da conversa. — Você tem tudo aí — ela apontou para a pasta que Keith tinha. — Como você irá compreender, tempo é dinheiro e já explicamos tudo no papel, não tenho porque perder meu tempo nisto — direto ao ponto, como uma boa negociante. Keith gostou disto, balançando a cabeça em sinal de concordância com a mulher. — Sim, posso dizer que Cameron tem uma personalidade muito difícil, mas é uma boa garota, a mais nova dos meus três tesouros e tenho certeza que ela será nossa modelo perfeita para esta campanha. Como mencionei antes, queremos fazer ver que são garotas saudáveis, que comem de maneira saudável e praticam esportes. Cam não faz nada disto há alguns anos. Está acima do peso e nossos parceiros exigem que ela deva perdê-lo antes de começar a campanha.
Keith fez a intenção de falar, mas Agnes levantou a mão sinalizando que não tinha terminado de transmitir sua ideia.
— E como tudo neste meio tem que ser um show — enfatizou com a voz e revirou os olhos para o céu quando pronunciou a última palavra — o canal de Tv com o qual estamos associados é o mesmo para o qual o Sr. Ross vende os programas do seu reality e, é claro…
— Querem fazer um programa com Cameron e eu — Keith a interrompeu.
Agnes fez uma careta com a boca.
— Você pode ver em que situação difícil isto o coloca neste negócio.
— Tentamos mudar a oferta, mas não foi possível. — Eve não sabia como explicar a situação. — Não queremos dar a impressão que mamãe está colocando a própria filha na boca do lobo. Pode parecer que ela a está vendendo para a indústria para ganhar dinheiro.
Keith não via assim, no entanto, compreendia o ponto de vista de Eve e sim, a audiência poderia chegar a pensar isto.
— O mais importante para mim, Keith — Agnes disse com completa sinceridade e um brilho especial no olhar — é a felicidade e o bem-estar das minhas filhas. Desejo que Cam entre neste projeto por dois motivos: primeiro, porque sempre foi seu sonho. Modelar, posar diante das câmeras, ser reconhecida pelo seu rosto; e segundo, o mais importante para mim é que a segurança e a estabilidade da minha filha retornem para que sua saúde melhore. Estou convencida de que se ela voltasse a ser a garota de hábitos que era antes de completar os 18 anos, o amor por si mesma irá retornar.
Pronto! Motivo suficiente para que Keith aceitasse – sem pensar – a ideia maluca que o canal de Tv estava propondo.
— Conte comigo.
— Recomendo que você leia o relatório — Eve acrescentou.
— Irei ler, mas mesmo assim digo que quero fazer parte disto. Agnes disse o mais importante ‘que Cam aprenda a se amar e amar o corpo com que nasceu’. Eu posso fazer isto.
— Por isto eu o chamei, Keith — Agnes disse, com alívio no rosto. — Tenho estado assistindo seus programas, a maneira como você trata seus pacientes ou clientes, como queira chamá-los. Você tem uma habilidade especial para isto e percebe-se que faz isso com paixão.
— Gosto do meu trabalho, Agnes.
Eve parecia encantada.
— Então, só nos falta falar com Cameron — Eve retomou a conversa com a sua mãe. — Não vai ser fácil.
— Se me permitem, acho que poderiam deixar isto nas minhas mãos. Irei ler o relatório — ele abriu a pasta para verificar algumas informações. — Com o que tenho aqui é suficiente. Com certeza irei pensar em algo que a desafie para participar. Se estiver bem para vocês, amanhã poderíamos nos reunir à tarde para ajustar os detalhes do plano que me ocorrer e posteriormente, programar uma reunião com ela para lhe fazer a proposta baseada no nosso plano — de repente Keith sentiu que estava dando ordens para as mulheres que eram suas ‘chefes’. — Sinto muito. Não deveria ser eu a estar fazendo os planos para esta situação delicada.
Agnes parecia fascinada.
— Pelo contrário — ela se levantou fazendo com que Keith respondesse a sua ação e aproximou-se dele. Ela tomou sua mão como símbolo de conclusão da proposta e olhando nos seus olhos, disse —: tenho certeza que você vai mudar a minha garota.

Viva essa intensa história de amor com seus personagens.

Eve Collins é uma mulher independente, um pouco impulsiva e sua eterna luta pelos direitos femininos se afasta cada vez mais do conceito original, intimidando todos os homens que se aproximam dela.

Ela é a relações públicas da revista Fashion View e além disso, a responsável por todos os envolvidos na nova campanha «Seja Você», entre eles Liam Woods, vocalista e guitarrista da X69, uma das bandas mais famosas do país e que, nos últimos tempos, tem obtido mais fama graças as imprudências de Liam com o álcool e as mulheres.

Eve terá que abordar o comportamento do vocalista e limpar a imagem do grupo sem perceber que no processo aprenderá algumas coisas que poderiam mudar o seu próprio destino e por que não, unir o destino de ambos.

Eve entrou na delegacia com vontade de estrangular Liam Woods.
Ela não tinha tido tempo para procurar na internet a ‘graça’ que o vocalista do grupo mais famoso do país cometeu e do qual agora ela parecia a babá.
Tudo isto porque sua mãe e os outros parceiros da campanha “Seja você” concordaram em colocar um pouco de música no evento e ao gerente do grupo pareceu perfeito fazer parte permanente da equipe de parceiros, principalmente quando o homem descobriu que eles teriam um relações públicas dentro da equipe e à disposição do grupo, que era mais do que óbvio que eles precisavam com urgência.
Aquilo lhe pareceu uma loucura de proporções gigantescas quando sua mãe sugeriu, mas não havia nada a discutir com Agnes Collins quando ela metia uma ideia na cabeça e sua mãe sabia muito bem como tirar proveito dos pontos fracos das suas filhas.
Por exemplo, uma amostra. Tudo o que tinha acontecido com Cameron e Keith. Ela acabava de falar com Brooke e descobriu que o personal tinha se declarado para sua irmãzinha na frente de milhões de telespectadores.
E ela perdeu isto.
Mais um motivo para estrangular Liam.
Ela suspirou.
Como se ela pudesse!
Estava apaixonada por Liam desde que o viu, anos atrás, em um show. É claro, ela o considerava como um amor platônico. E sua mãe se aproveitou disto quando disse: “Vamos Eve, não pode ser tão ruim, além disso este grupo é o seu favorito e até onde me lembro, você sonhava em conhecer o Sr. Liam Woods”
Eve deu razão à sua mãe, mas também listou os problemas contínuos que os integrantes da banda se metiam e foi muito específica quando esclareceu os motivos pelos quais não deviam assumir a responsabilidade de salvá-los todas as vezes que fizessem uma idiotice como a que ela ia resolver neste momento.
— Sinto muito fazê-la vir até aqui, Eve. Mas a imprensa não para de falar e já não sei o que fazer.
Eve suspirou enquanto via o cansaço refletido nos olhos de Sean McAdams, o gerente da X69. O homem já não aguentava mais o trabalho que os rapazes da banda davam, mas era fiel a eles e ao seu trabalho. Um homem de confiança.
— O que ele fez agora?
— Você não viu? — o gerente perguntou desconfiado.
— Não, Sean. Estava em um evento importante da campanha que envolvia a minha irmãzinha, quando minha mãe exigiu que eu viesse limpar a bagunça de Liam. Entrei no carro e aqui estou.
Sean olhou para ela com compaixão.
— É tão ruim assim? — Eve tinha estado ciente de todos os movimentos do grupo musical desde que eles assinaram um contrato com eles há algumas semanas. Como ‘fã’ preferia viver sem saber em que eles estavam metidos e evitava os escândalos sociais que alimentavam a imprensa com juros porque ela se decepcionava que eles fossem tão idiotas para afundar parte da sua fama com mulheres e álcool.
Parecia que tinham ficado presos na sua adolescência e se recusavam a crescer com o corpo.
— Estava com duas garotas no carro. Ninguém tinha roupa e…
Eve levantou uma mão em sinal de Não-diga-mais-nada.
— Qual é a situação?
O gerente deu de ombros.
— Ainda bem que ambas as garotas eram maiores de idade, então irão somente estabelecer uma fiança e poderemos ir para casa. Estou esperando que arrumem os documentos necessários. Mas acho que você deveria ver as fotos.
Eve suspirou de novo e tirou seu tablet da bolsa, sentou-se em uma cadeira que encontrou disponível e abriu o Google para escrever Liam Wo…
Antes de terminar de digitar, Google já estava lhe dando uma dando una frase bastante reveladora: ‘Liam Woods e a garota que o chupava’.
Eve franziu o cenho diante daquela frase enquanto as imagens terminavam de carregar. Não compreendia por que a imprensa sempre tinha que ser tão vulgar nas suas notícias. ‘Que o chupava’.
As imagens se abriram e então Eve compreendeu que não havia outra maneira de chamar aquela cena. Bem, talvez ‘A garota que o engolia’.
Fotos dos três, seminus, quando a polícia os fez sair do carro. A ereção indiscutível de Liam recusando-se a colocar sua calça de novo e o idiota, com cara de glória, cumprimentando a imprensa.
Quão idiota você tinha que ser na vida para não perceber que não é engraçado o que você estava fazendo?
Ela respirou fundo e começou a pensar nas declarações que daria às aves de rapina que aguardavam no lado de fora da delegacia.
O que ela poderia dizer?
Para começar, teria que dizer a verdade porque não se podia tampar o sol com a peneira e depois desculparia Liam dizendo que ele está sob uma grande pressão que causou estresse e que não tomou as melhores decisões naquele dia.
Isso. Tentaria ser breve e é claro, não deixar que ninguém fizesse perguntas para Liam.
Pegou sua bolsa e procurou Sean com o olhar, que não estava em lugar nenhum.
— Oficial — ela perguntou na recepção. — O Sr. Sean McAdams representante de Liam Woods, onde posso encontrá-lo?
O oficial apontou atrás dela e quando ela virou, sentiu que estava mergulhando em uma nova dimensão. Parecia que todos os movimentos das pessoas presentes estavam em câmera lenta.
E podia ver com clareza cada um dos gestos no rosto de Liam, que caminhava atrás de Sean.
Ela piscou algumas vezes, tentando compreender que diabos estava acontecendo com ela, mas aqueles olhos pretos, cor de ébano, estavam fixos nos dela e ela sentia que estava prestes a desmaiar.
Seu amor platônico, ela o tinha ali, diante dela, ao alcance da sua mão.
— Eve, Eve! — ela sentiu que Sean a sacudia pelos braços enquanto ela somente olhava extasiada para Liam e ele sorria divertido para ela.
— Você é a nova relações públicas do grupo? — ele perguntou com sarcasmo.
Ela apenas conseguiu acenar com a cabeça.
— Ai, Sean, é melhor que procuremos outra. Esta é apenas mais uma que está extasiada comigo e não vai fazer bem o seu trabalho.
Eve piscou outra vez e sentiu como se alguém tivesse jogado uma pedra contra a parede de vidro que a mantinha na dimensão desconhecida.
— O que você disse? — ela perguntou para Liam.
— O que você ouviu ou conhecer uma estrela como eu a deixou surda?
Eve respirou fundo e sentiu que o sangue se acumulava nos ouvidos por causa raiva que estava tomando conta dela.
Ela começou a caminhar para a saída.
— Liam, sério, você é incrível — ela ouviu McAdams dizer e depois acelerou o passo para chegar até ela, que já estava pronta para abrir a porta da delegacia. — Eve, desculpe-o que ele não sabe o que diz.
— Vamos ver se ele repete isto de novo, com licença, por favor — McAdams abriu a porta para ela sair. — E, por favor, Sean, não sou uma inútil, eu mesma posso abrir as portas.
Ela ouviu a risada sarcástica de Liam atrás dela que seguia seus passos junto com Sean e se aproximavam do enxame de jornalistas posicionados na calçada.
— Liam! Liam! — eles gritaram quando viram que Sean desacelerava o passo, pegando Liam pelo braço e deixando Eve para ser a bucha de canhão.
Eve estava com o cenho franzido.
— Boa noite — ela cumprimentou aos presentes, que a cercaram. — O que aconteceu esta noite é muito lamentável — Eve olhou para Woods que mostrou uma confusão imediata. — Uma situação que coloca em dúvida a fama do grupo, porque não se pode negar que eles sejam excelentes músicos, mas — sua expressão mudou para pena—, o sr. Wood deixa bem claro o tipo de homem que ele é ao se aproveitar da sua fama e do seu dinheiro para conquistar fãs que poderiam ter a idade de uma irmã mais nova — Liam olhava para ela com ódio e Sean não compreendia que diabos ela estava fazendo. — Felizmente, parece que a justiça o pune como se deve e o Sr. Woods foi não somente sancionado com uma fiança, mas deverá prestar serviço comunitário em diferentes centros durante seis meses.
Era isso que ia dizer aos repórteres?
Não. Mas já tinha feito isto e não se saiu tão mal porque acabou sendo uma surpresa para a imprensa e a vingança perfeita para o seu queridíssimo amor platônico.
— Sinto muito, devemos ir embora — ela disse para a imprensa e depois olhou para Liam e Sean.
Os repórteres se dispersaram em um piscar de olhos porque ficaram confusos com a notícia de que Liam iria se comportar como um ser humano normal durante seis meses.
— Parece que você é boa dizendo mentiras — ele piscou para Eve que sentiu que o seu coração ia sair do lugar. O coração sempre sentindo o que não deve, ela pensou.
Ela sorriu para Liam.
— Sinto muito, Sr. Woods. Não digo mentiras e muito menos para salvar a pele de um convencido como você. Estou apenas realizado o meu trabalho e você deverá concordar com o que eu digo se o que está procurando é limpar sua imagem e a imagem dos seus colegas de grupo.
— Sean, ela não está falando sério? — o gerente olhou satisfeito para ele.
— Parece que sim, rapaz, você terá que fazer o que a senhorita pede.

O amor está sempre presente, à nossa espera e surpreendendo-nos a qualquer momento; assim como Roger e Brooke fizeram.

Brooke Collins é uma bem-sucedida caçadora de tesouros em Nova York.

As antiguidades lhe inspiram e lhe apaixonam tanto que ela acredita que suas depressões emocionais são ocasionadas pelos períodos em que não encontra nenhum leilão importante ou alguma pista para seguir para encontrar algum objeto fascinante.

Mas os recentes e bem sucedidos relacionamentos amorosos das suas irmãs mostram que ela está muito enganada.

Sua vida com Brandon continuará sendo tão monótona e chata como sempre mesmo se consiga comprar a antiguidade mais valiosa do mundo. Sabe que deve dar o passo e romper com aquilo que está lhe fazendo extremamente infeliz.
Isto implica uma mudança radical em sua vida, que ela celebra com uma viagem improvisada na qual irá se deparar com leilão inesperado que colocará todo o seu mundo de cabeça para baixo quando ela conhece Roger Watson, um homem carismático ao lado do qual descobrirá, entre várias coisas, uma importante coleção de artefatos antigos.
Roger será capaz de manter vivo o interesse de Brooke, fazendo com que ela se deixe levar pelas suas emoções e deixe sair a verdadeira mulher que carrega dentro de si?
Descubrirá Brooke que nos braços deste homem a vida pode ser muito diferente?

Brooke entrou no recinto e a primeira que localizou foi Eve.
Estava linda com sua barriga proeminente e seu vestido com saia vaporosa. A felicidade saía pelos seus poros. Ia de um lado para o outro organizando tudo no palco em companhia de Liam. A cumplicidade entre eles era absoluta. A maneira como riam e principalmente, a maneira como se entreolhavam dava uma explicação clara para o resto do mundo que eles tinham um relacionamento maravilhoso.
Brooke suspirou e sentiu a nostalgia que cada vez mais se agarrava ao seu peito.
Virou um pouco a cabeça e seu olhar encontrou Keith. O perfeito cavalheiro que resgatou sua irmãzinha do poço de infelicidade no qual tinha mergulhado toda a sua vida. Ao seu lado estava Cameron, que de vez em quando passava a mão de maneira carinhosa pelo seu braço ou ria como boba quando ele a aproximava do seu corpo e lhe dava um beijo carinhoso no alto da cabeça. Brooke sorriu e balançou a cabeça.
Quanta felicidade suas irmãs experimentavam! Sentia-se feliz por elas, mas não conseguia afastar dos seus pensamentos esta sensação desagradável de inveja. Não era certo sentir inveja da felicidade das mulheres que mais amava na vida, mas também não sabia como evitá-lo.
Sentiu de novo a nostalgia pressionar seu peito.
— Se não tivesse dado à luz a você, pensaria que você está na melhor fase da sua vida…
— Mas como me deu à luz me conhece melhor do que ninguém, não? — respondeu Brooke abraçando sua mãe.
— Exatamente — Agnes respondeu. — E como dei à luz a você exijo que me conte que diabos está acontecendo com você que ultimamente está retraída e com o olhar mais lânguido que já vi na minha vida.
— Nada, mãe.
— A mim você não vai enganar! — Agnes olhou ao redor delas. — Brandon?
Brooke desviou o olhar da sua mãe e depois respondeu indiferente.
— Com certeza irá chegar a qualquer momento.
Agnes balançou a cabeça no momento que Bob a surpreendeu com um abraço que fez Brooke dar um meio sorriso.
Adorava a maneira como seus pais se tratavam apesar de estarem casados há quatro décadas. Não conseguia compreender como faziam isto. Como seu amor tinha sobrevivido intacto ao casamento, a monotonia, as rotinas rígidas da sua mãe, aos problemas econômicos de algumas épocas. Esse amor sobreviveu a três filhas e todas as alegrias e preocupações que envolvem os filhos. Quarenta anos depois, seus pais se entreolhavam e ainda saltavam faíscas de emoção entre eles. Viu suas irmãs se abraçando e sentiu a necessidade de se unir a este abraço.
— Vou com as meninas.
Seus pais consentiram. Bob piscou para ela. Sua mãe só conseguiu lhe mostrar seu olhar de profunda preocupação que ela tratou de acalmar com um sorriso fingido que sabia que não surtiria efeito em Agnes.
Brandon.
Seus pensamentos nos últimos meses não se afastavam dele.
E não necessariamente por amor, mas também não sabia definir muito bem o que sentir quando pensava nele.
Cameron foi a primeira a interceptá-la.
— Vem dar um beijo na barriguda que ela está prestes a subir no palco — ela lhe deu um beijo no rosto e a abraçou com força. — Você está bem?
— Você também me pariu e pode saber o que acontece comigo?
Cameron deu uma gargalhada.
— Não, esse poder é único da Sra. Collins, mas sou sua irmã e eu a conheço melhor do que você pensa.
Brooke balançou a cabeça.
— Sra. Collins — repetiu divertida com sarcasmo. — Vai morrer torturada se ela descobre que você a chamou assim.
— Bah! Um par de beijos e eu a amoleço de novo.
Ambas sorriram enquanto Brooke deixava Cameron e se aproximava de Eve, que ia levada pela mão de Liam.
A primeira coisa que fez foi acariciar a barriga inchada de Eve e sentiu um leve movimento nela.
Arregalou os olhos pela surpresa e deu um grande sorriso.
— Este será um futuro capitão da equipe de futebol. Você verá — protestou Eve e Liam lhe deu um beijo.
Brooke acariciou a barriga de novo.
— Ei! Que não sou um buda e não vou lhe dar sorte se esfregar a minha barriga — Eve afastou um pouco a barriga e abriu os braços. — Agora vem me dar um abraço que os malditos hormônios vão acabar comigo.
Brooke deu uma gargalhada.
— Você não vai mudar nunca — disse para sua irmã. — E talvez eu deva tocar mais sua barriga para ver se este pequeno me traz sorte.
— Não está bem no trabalho?
— Depois falamos — Brooke deu um meio sorriso e olhou para Liam. — É melhor vocês irem tocar que já está quase hora.
Liam soube interpretar seu olhar e conduziu Eve para subir no palco.
Os presentes ocuparam seus lugares.
Todos fizeram silêncio quando Eve e Liam apareceram no palco com seus instrumentos. Eles se posicionaram e começaram a tocar sem deixar de se entreolharem.
Organizaram aquele show para arrecadar fundos para o centro de cuidados onde Helen e o General Johnson foram mantidos.
Uma maneira magnífica de honrar a memória dos nossos entes queridos, pensou Brooke com um formigamento estranho na garganta.
Virou a cabeça procurando por Brandon. Ainda tinha a esperança que ele chegasse a qualquer momento. Essa manhã – como muitas outras, fazia muito tempo – não o tinha visto ao se levantar porque Brandon tinha adquirido o hábito de ir à academia no início da manhã e dali ir direto para o seu trabalho. Então enviou-lhe um e-mail lembrando do evento já que não respondeu a mensagem do celular porque com certeza estaria ocupado no escritório. E como acontecia há alguns meses, já era de noite e Brandon não dava sinais de vida.
A melodia começou a envolvê-la, Eve e Liam tocavam seus instrumentos com tanta paixão e tanta sincronia que cada fibra do seu corpo poderia sentir as notas musicais na sua expressão máxima.
Quanta sensibilidade havia no seu interior!
A música estava despertando nela uma tristeza que ela estava evitando fazia muito tempo e que preferia manter adormecida para não jogar fora tantos anos com Brandon.
Mas todas as vezes se aproximava cada vez mais deste ponto onde o gigante queria despertar e acabar com tudo. Estava cansada, cansada da monotonia, de se sentir ignorada, de voltar para casa mais por compromisso do que por prazer.
Alguns meses atrás ela e Brandon tiveram uma conversa que avivou um pouco a chama do amor que algum dia existiu entre eles e eles fizeram algumas promessas que cada vez mais ficavam para trás. A cada dia a história dela e dele, que acreditava ser ‘o amor da sua vida’, ia caindo no esquecimento.
Sabia disto quando via seus pais, quando via suas irmãs com seus parceiros.
A melodia se tornou mais intensa e com ela, a intensidade do formigamento na sua garganta superou seu otimismo e suas esperanças. O monstro da infelicidade despertava instalando uma forte pressão no seu peito e arrasando tudo com ela.
As lembranças se tornaram presentes nos seus pensamentos. Lembrou-se de quando conheceu Brandon e a maneira como se apaixonou por ele. Onde foi parar aquele homem encantador que a conquistava dia após dia? Onde foi parar o homem que a desejava todas as noites como se ela fosse a deusa da sedução?
Tudo era tão monótono entre eles que já tinha até perdido a conta de quanto tempo estavam sem sexo.
Viu seu pai sussurrar algo no ouvido da sua mãe e a maneira como Agnes abaixou o olhar sorrindo envergonhada fez com que o formigamento alojado na garganta de Brooke acabassem por formar um maldito nó que a estava sufocando.
E justo quando todo mundo se levantou, aplaudindo o dueto musical pela sua interpretação maravilhosa, decidiu que era o momento para fugir de tudo e de todos.

Sobre mim…

Sou uma escritora latino-americana independente com mais de 30 livros autopublicados e mais de 45.000 cópias vendidas.
Escrevo livros de ficção romântica: Contemporâneo, Paranormal e Suspense. Alguns dos meus livros foram traduzidos para o Português, Inglês, Italiano, Francês e Alemão
Em 2017, na cidade de Málaga, Espanha (declarada capital da literatura Indie #mesindie), participei como palestrante em uma mesa redonda organizada pela Amazon KDP Espanha, comemorando o mês de autopublicação.
Adoro ler, comer, dançar e tomar café – muito! – também adoro tudo o que está além do que não podemos ver: coisas místicas e paranormais. Talvez seja isso que me fez estudar: Tarô, Wicca, Alta Magia e Reiki.
Agora, eu moro em Málaga – a uma distância muito curta do mar, o que é ótimo – com meu marido e minha filha, que são meu apoio e inspiração para continuar escrevendo.

stefania gil