Série completa de romance contemporâneo +18
Livros relacionados são melhor lidos em ordem

Disponível:
O que você faria se a vida o colocasse face a face novamente com seu primeiro amor, quando você pensou que nunca o veria novamente?
Alexandra Eldridge e Blake Olson se conhecem em Yellowstone enquanto participam de um acampamento de verão.
Durante trinta dias – e noites – Blake e Alex se tornam inseparáveis criando um vínculo entre eles que continuará a uni-los apesar da distância que os separa e do destino que se empenha em mostrar que pode brincar com eles a seu bel prazer.
Assim, eles retornam para suas vidas perdendo contato absoluto, deixando para trás a experiência de ter tido umas férias únicas, um romance inesquecível, ignorando que voltariam a se encontrar no futuro.
Baltashar Eldridge é um homem a quem não escapa nada e é um ás nos negócios, por isto detecta os oportunistas mesmo estando muito longe deles.
Ele não suporta a ideia que a sua pequena esteja envolvida com um homem como Gary Lockwood e Alex se recusa a ouvi-lo por causa do erro que ele cometeu no passado.
Ele acredita que não resta mais nada além de rezar por um milagre e é quando descobre um passado – ainda latente – entre sua menina e o novo funcionário que seu sócio lhe enviou desde São Francisco.
Baltashar percebe então que tem diante de si uma oportunidade perfeita para evitar o casamento da sua filha que, certamente, terminará em uma catástrofe.
Blake Olson é a única carta que ele tem em jogo e deve usá-la bem para alcançar seu objetivo, mesmo que sua filha acabe odiando-o para sempre.
Blake se sujeitará a seguir o jogo do Sr. Eldridge para conquistar Alex?
Alex estará disposta a reviver seu passado com Blake?
Emerick e Alexandra Eldridge se juntaram ao grupo que se transformaria, durante os próximos trinta dias, no mais próximo a uma família.
Não era a primeira vez que saiam de casa para se divertir em algum acampamento de verão, mas era a primeira vez que estariam longe dos seus pais durante tanto tempo.
Para os Eldridge era normal tirar umas férias em família durante o verão que lhes permitiria compartilhar momentos que deixariam lembranças agradáveis na vida de todos. Por isto sempre procuravam acampamentos que fossem adequados para pais e filhos, embora ficassem separados em algumas atividades para que cada grupo pudesse ter um pouco de liberdade e viver experiências de acordo com suas respectivas idades.
Este verão seria diferente para todos.
Abie e Baltashar Eldridge decidiram enviar seus filhos para longe de casa para poderem conversar com maior liberdade sobre o divórcio. As brigas constantes entre eles e a falta de harmonia no lar que outrora foi «perfeito» estava tornando a vida das crianças um inferno e eles não queriam fazer com que eles sofressem mais. Não era um segredo para ninguém que Baltashar foi o culpado que as coisas chegassem um ponto onde não haveria como voltar atrás porque ele misturou prazer e trabalho com uma das suas estagiárias.
Baltashar não tinha traído sua esposa antes nem mesmo com a desculpa de quão mal estava seu casamento e que mal se falavam. Mas naquela vez, ele se deixou levar pelos seus instintos viscerais e quando quis desfazer o acontecido, a estagiária já tinha as pernas abertas e ele tinha uma ereção que dificilmente cederia ao seu «Não podemos fazer isto», principalmente depois de ter estado há um bom tempo sem fazer sexo nem com sua mulher nem com mais ninguém.
E este erro de momento fez com que ele colocasse um ponto final a quase vinte e dois anos de casamento.
Por este motivo, enquanto eles se comiam vivos entre reclamações e gritos em casa, Emerick e Alexandra desfrutariam de trinta dias ao ar livre com crianças da sua idade e Calvin, o primogênito dos Eldridge, apesar de ter feito até o impossível para ficar em casa e fazer o papel de mediador entre seus pais, eles se recusaram e o obrigaram a entrar no avião que o levaria junto com seus colegas de turma para a tão aguardada viagem de fim de curso em Los Angeles.
As crianças saíram de casa cabisbaixas, sabendo que ao retornar, a casa, tudo dentro dela e até mesmo suas vidas, estariam divididas. Mesmo alcançando a maioridade, continuariam divididos entre pai e mãe.
Alexandra tinha muito claro que seu pai, a pessoa que mais admirava na vida, seu herói, a tinha decepcionado. Além da infidelidade, Alexandra sentia que Baltashar decepcionou a todos agindo como sempre disse que não se deveria agir na vida. Era ele quem sempre dizia que as traições, as mentiras e as armadilhas sempre deixavam experiências ruins.
Ela sabia que sua mãe não era uma mulher de temperamento fácil, que ela também teria uma parte de culpa em tudo que aconteceu e pareceu-lhe justo que ela mesma o confirmasse na conversa «de garotas» que tiveram antes que ela e Emerick partissem para o acampamento. Sua mãe pediu-lhe que, por favor, desse uma oportunidade para Baltashar explicar o que aconteceu porque no final das contas o que acabou foi o casamento deles e que ele continuaria sendo seu pai e ela lhe devia um mínimo de respeito e consideração.
No entanto, Alexandra pensava de maneira diferente. Não poderia ter um mínimo de respeito e consideração por alguém que não a respeitava. Por acaso não foi seu pai quem lhe ensinou que o mais importante que um ser humano sempre terá serão princípios? Que a tranquilidade depende somente da consciência?
Crescer e tornar-se um adulto era horrível.
Seu irmão a abraçou.
— Vamos nos divertir muito, você vai ver. Tira esta cara e pare de pensar no papai e na mamãe.
— Eles devem estar de braços cruzados, recusando-se a ceder a casa para o outro.
Emerick respirou fundo. Não podia deixar de sentir compaixão pela sua irmã. Seu pai era tudo para ela e a notícia da traição a machucou muito.
Emerick honrava as teorias sobre o filho do meio. Era um ano mais velho que sua irmã e um ano mais novo do que Calvin. Ele recebia a atenção de ambos os pais por igual, mas não com a mesma devoção com que Alexandra recebia por parte do seu pai e Calvin por parte da sua mãe. Ele não se sentia mal por isto, embora percebesse que seus pais tinham preferências pelos seus irmãos, ele sabia muito bem que eles o amavam igual aos outros dois. Só que cada um tem suas pessoas preferidas na vida, como acontecia com ele e Alex.
Guardava na sua memória lembranças da primeira vez em que carregou Alex quando ele ainda era tão pequeno que nem falava bem. Tinha esta lembrança gravada na sua memória como a melhor do mundo porque sua mãe permitiu que ele carregasse sua pequena irmãzinha e desde que a colocaram nos seus braços, tão quentinha e levinha, Emerick soube que seriam inseparáveis pelo resto da vida. Ela era tão bonita que quis protegê-la desde então e virava um demônio se alguém, não importava se era seu pai ou sua mãe, a magoasse.
— Ouça, Alex — ele olhou nos seus olhos. — Nada mudará o que acontece entre eles. Papai falhou com todos nós. Algum dia você deverá falar com ele sobre isto porque não pode passar a vida inteira chateada com o que ele fez. Todos cometemos erros e como mamãe disse, ele sempre será nosso pai. — Sabia que Alex não cederia com tanta facilidade, mas devia encontrar uma maneira para que ela parasse de pensar no que acontecia em casa neste momento e pelos próximos trinta dias. Odiava saber que ela estava triste. — Agora é nossa hora de nos divertirmos porque poderemos culpar nossos pais pelo nosso mau comportamento.
Ela deu um meio sorriso.
— Não vou me comportar como uma delinquente porque meus pais estão se divorciando.
Emerick ergueu os ombros ao mesmo tempo em que olhava para ela com malícia.
— Não vamos exagerar, não vou permitir que você se torne uma delinquente. Quero que você se divirta e pare de pensar neles.
— O que você acha se vou festejar com um garoto?
Emerick fez uma careta de desgosto.
— Parece então que vou me tornar um assassino porque arrancaria a sua cabeça se ele tenta tocá-la. Já tivemos esta conversa em casa a respeito dos garotos, o acampamento e acredito que deixamos isto claro.
Ela sorriu divertida para ele.
— Fugirei à noite quando você estiver dormindo.
Emerick olhou ao seu redor.
— Vejamos, pequena Alex, não há nenhum garoto que valha a pena tal esforço. Além disso, eu não durmo. Sou um vampiro e te protejo dos monstros que você tem medo, já disse antes.
— Você está repetindo isto desde que eu tinha cinco anos e tinha medo dos monstros que poderiam sair do armário. O que ainda não consigo compreender é como você sobrevive sem sangue?
— É porque sou um vampiro bom e me alimento de pequenos animais para que as pessoas não suspeitem de mim.
— Neste caso, espero que minha pequena Sasi não apareça morta no meio do bosque porque vou ter de deixá-lo no sol ou enfiar uma estaca em você, o que funcionar com você — disse um garoto que estava ao lado deles e que inevitavelmente ouviu toda a conversa. — Sou Blake, aliás. E ela é Sasi — levantou a gaiola para deixar ver uma linda porquinha das Índias.
Emerick olhou para ele de cima a baixo com cara de poucos.
Ele devia admitir que sentia um pouco de respeito pelo garoto por se atrever a interromper uma conversa particular com uma piada. Olhou para ele com os olhos semicerrados. O garoto também o examinava, mas não conseguia evitar que seus olhos desviassem para Alex que lhe dava um grande sorriso. Se não fosse por aquele olhar que fixou em Alex e que Emerick reconhecia porque ele também olhava assim para algumas garotas, teria pensando que o tal Blake preferia garotos. Quem diabos com esta idade tinha uma porquinha das Índias como animal de estimação e além disso a chamava de Sasi? Que tipo de nome era esse?
— É bonita — Alex respondeu interessada. Sua irmã tinha interesse por qualquer animal. Ela olhou para cima e seus olhos se fixaram nos olhos de Blake. Emerick teve um pressentimento de que este garoto ficaria sem cabeça no final do verão. E seu modo de irmão protetor ativou-se de imediato.
— Vamos que o guia está nos chamando — ele segurou o braço da sua irmã e a afastou do intruso.
— Vamos nos ver em breve. Irei me encarregar de que o meu animal de estimação não coma o seu — Alex disse para Blake com um tom divertido.
— Eu agradeço. Fico aliviado ao saber que terei uma aliada na luta contra o mal.
— O mal vai reencarnar em mim se este imbecil continua dizendo coisas idiotas — Emerick protestou. — E você pare de me chamar de animal de estimação.
— É que você parece um pit bull raivoso.
— Sou seu irmão, não um cachorro.
— Então comporte-se como tal e pare de ser um cavernícola. Se quer que eu esqueça papai e mamãe deveria me dar um pouco de liberdade.
Emerick virou-se para ver se Blake os seguia com o olhar.
— Você está me procurando? — o garoto o surpreendeu pelo outro lado fazendo com que Emerick se assustasse. — Começamos mal, não deveria ter me metido na conversa entre você e sua irmã. É que perdi a minha irmã de vista e enquanto tentava localizá-la com o olhar eu os ouvi. Davina, aos cinco anos, acreditava que eu era o Super-Homem. Compreendo o sentimento de irmão mais velho — ele estendeu a mão para cumprimentá-lo de maneira formal. — Comecemos da maneira correta. Sou Blake Olson. Prazer em conhecê-los.
Emerick baixou a guarda um pouco. Alguém que oferecia uma desculpa tão honorável e falava da sua irmã com o mesmo sentimento que ele tinha por Alex merecia uma oportunidade. Embora continuasse sem compreender sobre o animal de estimação «Sasi» e fez uma anotação mental para perguntar – mais tarde – em que diabos ele estava pensando quando a chamou desta maneira.
— Somos Emerick e Alexandra Eldridge — ele apertou a mão de Blake.
— Espero que estejamos no mesmo grupo — Blake disse estendendo a mão para Alex de maneira respeitosa e com um brilho particular no olhar.
— Eu também espero — ela respondeu sorrindo enquanto semicerrava os olhos para Blake.
Emerick olhou para os céus e implorou que Blake fosse designado para outro acampamento e melhor ainda se ficasse no outro lado do país.
***
Após três semanas, os irmãos Eldridge e os irmãos Olson poderiam entrar na categoria de bons amigos e «algo mais do que amigos» também.
Emerick fez todo o possível para não deixar Blake e Alexandra sozinhos embora eles tornassem isto cada vez mais complicado porque eram muito escorregadios e além disso, Davina Olson representava uma séria distração para Emerick já que desde que ele a viu não conseguiu se separar dela. Alexandra identificou de imediato o interesse do seu irmão pela garota e nem se ela fosse tola, aproveitou-se disto para fazer mais atividades com Blake, daquelas que eram adequadas para o público que os cercava e também daquelas que não eram.
No dia seguinte, após terem se instalado, os organizadores fizeram um almoço especial para dar as boas-vindas as crianças e designar as tarefas cotidianas de cada grupo. Da mesma maneira, falaram da importância de não se separar do grupo durante as expedições e do cuidado que deveriam ter em qualquer área do parque por causa da fauna presente. O principal tema de interesse foram os ursos, linces e lobos.
Yellowstone era um lugar de contos de fadas e Alexandra sentia-se afortunada por ter conseguido ir a este acampamento porque estava sendo uma experiência incrível em todos os sentidos.
Todos os dias se levantavam de manhã cedo e após se higienizarem realizavam as tarefas atribuídas por grupos: cozinha, lavanderia, lixo, limpeza das cabanas, limpeza dos banheiros, entre outras coisas.
Os Eldridge estavam acostumados com as tarefas domésticas porque em casa faziam o mesmo. Apesar de vir de uma família com uma boa situação econômica eles não recebiam um tratamento de reis. Quanto aos Olson, a coisa mudava um pouco. Blake era um pouco desorganizado e as tarefas domésticas eram realizadas com desânimo. Inclusive aquelas que sua irmã lhe pagava para que fizesse por ela porque Davina se recusava a tocar em um objeto de limpeza que estragasse suas mãos.
Alexandra se divertia com aquelas cenas em que Davina pagava em dinheiro para que Blake limpasse as áreas que lhe correspondia naquele dia e pagava com alguns beijos para que Emerick ajudasse Blake enquanto ela ficava ao ar livre, escondida dos supervisores, imortalizando com sua câmera fotográfica a natureza fantástica do parque.
Algumas vezes Alexandra se juntava a ela para contemplar a magia do lugar através dos olhos de Davina. Nas instalações do acampamento havia um quarto com luz vermelha que permitia a revelação dos rolos fotográficos que as crianças quisessem fazer. O lugar era de responsabilidade de um dos supervisores, no entanto, ao demonstrar um profissionalismo impecável na revelação das fotos, Davina foi autorizada a fazer isto sozinha. E este era o segundo lugar onde ela poderia ser encontrada enquanto os outros realizavam suas tarefas de limpeza.
Suas fotos eram impressionantes. Ela chegaria longe com esta paixão que pensava em transformar em carreira quando acabasse o ensino médio. As garotas conversaram sobre seus estudos futuros durante aqueles dias e assim com Davina tinha claro o que queria estudar, Alexandra ainda não sabia. Ela tinha alguns anos para se decidir. Seu pai, desde que ela era muito pequena, esteve tentando seduzi-la com a arquitetura. Ela evitava o assunto sempre que podia porque não queria desapontar seu pai. É claro, tudo isto foi antes que seu progenitor decidisse decepcionar a todos. Ela já não teria remorsos de consciência ao dizer que ele esquecesse que ela estudaria arquitetura. Sabia que seu pai queria deixar o negócio de família para um dos seus filhos, mas parecia que o destino tinha outros planos porque nenhum dos três herdou a paixão pelas edificações que ele tinha.
Naquele dia quente, enquanto os garotos se encarregavam das suas tarefas domésticas, Alex e Davina estavam dentro do quarto de revelação.
Alexandra observava uma foto em que ela aparecia com o olhar perdido no horizonte. A foto, em preto e branco, dizia tanto por si só que Alex lembrou exatamente o que pensava naquele momento.
Foi o dia antes de descobrir que estava muito apaixonada por Blake e que logo voltariam para suas vidas, afastando-se um do outro.
Sua ligação com Blake surgiu desde o primeiro momento e embora o garoto não tenha se aproximado de uma maneira romântica de imediato, ela se sentia muito à vontade com ele. Ao seu lado ria, se divertia e esquecia a angústia que lhe produzia pensar na volta para casa. A raiva que tinha pelo seu pai.
Naquele dia em que Davina a retratou com o olhar perdido, ela tinha acabado de conectar com Blake e seus sentimentos. A noite anterior foi a primeira vez em que estiveram na clareira do bosque perto do acampamento.
Blake colocou uma manta sobre a grama e eles deitaram sobre ela com os braços cruzados atrás da cabeça. Contemplaram as estrelas que iluminavam o céu para eles. Alex nunca tinha visto tantas estrelas juntas porque na cidade era impossível a menos que houvesse um apagão geral. Reconheceu que tudo ao seu redor estava se tornando mágico: as estrelas, a brisa fraca que soprava, o cheiro de frescor da natureza que os cercava e ele ao seu lado.
Enquanto olhava para o céu, Blake a observava com aqueles olhos doces que o tornavam irresistível. Ela o surpreendeu observando-a e ele não sentiu a menor vergonha por ter sido pego em flagrante. Pelo contrário, aproximou-se um pouco mais da garota e deitou-se sobre seu lado esquerdo deixando o rosto a poucos centímetros de Alex.
Ela notou a mudança na sua respiração.
Quis controlá-la, mas seu nervosismo não tornava a tarefa fácil. Blake sorriu com doçura para ela e beijou a ponta do seu nariz.
Foi a segunda descarga eléctrica que Alex sentiu desde que ele segurou sua mão pela primeira vez recém-chegados ao acampamento. Naquele primeiro contato, Alex pensou que iria desmaiar. Não tinha experimentado estas emoções por um garoto. E ela acreditava que já tinha se apaixonado antes.
Blake se aproximou um pouco mais da sua boca e roçou seus lábios. O sistema nervoso de Alex entrou em colapso. Uma infinidade de emoções começou a ganhar vida dentro dela sendo o desejo a mais forte de todas.
Não sabia como se comportar porque nunca tinha estado nesta situação antes embora quisesse – e de maneira desesperada – que Blake a beijasse com intensidade.
Ela o puxou para si, cruzando os braços ao redor do pescoço do garoto e ele abafou um suspiro para beijá-la e deixar sair sua língua quente, que da maneira mais sedutora, pediu permissão a Alex para entrar na sua boca. Ela o recebeu com prazer, até ali sabia como proceder, mas naquela ocasião precisava de mais e não sabia como avançar para o próximo passo.
A maneira como a intensidade do beijo foi aumentando e a maneira como Blake começou a tocá-la por todo o corpo deu-lhe a entender que ele sabia o que estava fazendo e, embora sentisse vergonha por não ter experiência, deixou-se levar pelas carícias que, naquele momento, a estavam enlouquecendo.
De repente Blake afastou-se dela e olhou nos seus olhos.
— É a sua primeira vez? — Sua vergonha alcançou níveis máximos fazendo com que ela ruborizasse. Assentiu, sustentando seu olhar. Blake sorriu com doçura e deu-lhe um beijo no rosto, depois deitou-se de lado de novo. — Então é melhorar pararmos. Seu irmão poderia arrancar a minha cabeça se eu tiro a sua virgindade.
Ela sofreu um choque emocional. Ele iria deixá-la assim?
Ele sorriu divertido.
— Respira fundo várias vezes e irá passar. Eu garanto. — Ele a moveu para que sua cabeça descansasse no seu peito e deu-lhe um beijo delicado na cabeça.
Eles ficaram em silêncio por alguns instantes nos quais Blake pensava na grande mentira que disse para a garota. «Acalmar-se respirando fundo». Normalmente funcionava, mas naquele dia em especial, não encontrava uma maneira de afastá-la dos seus pensamentos após provar seus lábios e percorrer seu corpo fantástico.
Algumas garotas, mais velhas do que ele e que passaram pela sua vida em um passado não muito distante, foram as professoras perfeitas para lhe ensinar a arte do sexo. Nestas práticas, compreendeu que existia uma espécie de «padrão» sobre como agir neste momento e assim liberar sua tensão sexual de maneira satisfatória.
Mas com Alexandra era diferente. Não queria ser o primeiro. Tinha medo de machucá-la ou pior ainda, que ela se apaixonasse por ele e não conseguisse esquecê-lo depois. Aconteceu isto com sua irmã e ele não conseguiu suportar vê-la tão mal, por isto não pensou duas vezes em dar uma surra no idiota que a fez sofrer. Ele faria isto de novo se fosse necessário.
Suspirou fundo mais uma vez e em vez de colocar sua mente em branco, lembrou-se da sensação de ter passeado com suas mãos pelos seios firmes de Alex.
Estava piorando a situação.
— E se Emerick tira a virgindade da sua irmã?
Blake sorriu.
— Se fosse assim, eu lhe daria o tratamento que dei ao idiota que a tirou há alguns meses. Uma surra que ele jamais se esquecerá.
Ele gostou de atrair sua atenção.
Ela olhava surpresa para ele.
— E se eu quero perder minha virgindade com você? É uma decisão que eu acredito que mereça tomar, não?
Não poderia tirar a razão da garota.
Então Alex se aproximou devagar dele.
Ela o beijou com suavidade nos lábios e colou seu corpo no de Blake passando uma das suas pernas ao redor dos quadris do garoto. Ela usava uma calça curta que lhe permitiu sentir de imediato a protuberância palpitante que se escondia atrás da calça de Blake. Seu ventre vibrou e ela sentiu a necessidade de esfregar seu sexo contra aquele volume.
Blake a sentia insegura, inexperiente e tornou as coisas um pouco mais fáceis para ela. Ele tirou sua calça e fez o mesmo, voltando à posição em que sentiu o desejo dela por deixar fluir seu instinto. E foi ele quem, com movimentos delicados, começou a friccionar sobre o sexo da garota.
— Se eu te machucar, por favor, me diga.
Ela apenas gemeu, encorajando-o a continuar com seus movimentos. Blake estava nervoso, mais nervoso do que a primeira vez em que esteve com uma garota. Alexandra era especial e ele sabia disto.
— Alex, não quero machucá-la.
— Com mil diabos! Parece que eu estou sofrendo?
Ele sorriu com a sua reação.
— Não — ele a beijou de novo com suavidade e não conseguiu evitar que sua mão entrasse em contato com a pele delicada dos seus seios. Firmes, suaves, delicados, excitados. Salivou e não conseguiu resistir a onda de prazer que o invadiu, dominando-o e controlando cada músculo do seu corpo. Ele agarrou-se a ela – quase cortando sua respiração – até que os tremores cederam.
Alexandra não compreendia muito bem o que tinha acabado de acontecer e também não pensava em perguntar. Agora precisava se concentrar naquele formigamento que ameaçava enlouquecê-la. As carícias de Blake nos seus seios estavam sendo enlouquecedoras e tudo piorou quando ele tirou sua camiseta e chupou seus mamilos rosados.
Alex sentiu toda a energia concentrada no seu ventre e de repente foi presa dos espasmos produzidos por um orgasmo intenso. Não soube como aconteceu nem de onde saiu, mas sabia que precisava repeti-lo porque a tensão e as sucessivas contrações eram simplesmente deliciosas.
Da sua parte, Blake não queria afastar-se do seu peito. Era perfeito, assim como foi perfeito o primeiro orgasmo que causou na garota. Ela tremeu inteira e ele gostou disto. Queria fazer isto de novo e foi quando começou a ter pensamentos mais intensos e profundos sobre estes momentos íntimos que estava vivendo com Alex. Precisava penetrá-la com urgência, estava pronto de novo.
Tirou um preservativo do bolso da sua calça e terminou de despi-los da pouca roupa que anda usavam.
À luz da lua, com as estrelas que os iluminavam, Blake quis ser o mais romântico que seu desejo permitia. Não demoraria muito para alcançar o êxtase de novo e teria de ter cuidado com ela. Acima de tudo, tornar o momento único para suas lembranças.
Uma mistura de prazer e ardor invadiu Alex quando Blake a penetrou com lentidão. Foi incomodo, mas prazeroso. Quando o sentiu por completo dentro dela e o interior da sua vagina foi dilatando-se até recebê-lo como uma peça feita sob medida, ela relaxou para retomar a tensão que crescia no seu ventre. Blake, mais uma vez, deleitou-se com seu peito, acariciando-o e chupando-o com energia enquanto se mantinha imóvel no seu interior.
Quando sentiu que a garota estava quase no limite, começou com a dança que tanto almejava naquele momento. Suas entradas e saídas foram delicadas e firmes. Precisou fazer um esforço sobre-humano para conseguir manter a delicadeza nos seus movimentos quando estava prestes a alcançar o êxtase. Descobriu então que poderia prolongar aquele momento por mais alguns segundos, permitindo que ela vibrasse com intensidade sob o seu corpo. A garota tremeu como ele esperava e quando ela ainda tinha os remanescentes desta corrente, ele parou com as delicadezas e cuidados e investiu com força como costumava fazer com as outras garotas. Não se arrependeu de fazê-lo porque gostou de ouvir seu nome nos lábios de Alex com um grande grito ao mesmo tempo em que convulsionava de novo.
Alex sentiu cada uma das emoções vividas naquela noite. Ela sentiu-se excitada e a vergonha se apoderou dela quando ela piscou e voltou para a realidade em que se encontrava, dentro do quarto de revelação com a irmã de Blake.
Davina sorriu.
— Estou há um tempo falando e acreditava que fazia isto com você.
— Sinto muito — Alex comentou envergonhada.
— O que esta fotografia lhe lembrou? Desde que a viu você se afastou daqui com seus pensamentos.
Alex não conseguiu deixar de ruborizar.
— Oh! Meu irmão e você… — olhou com compaixão para ela. — Foi a sua primeira vez?
Alex assentiu com a cabeça.
— Você teve mais sorte do que eu. Blake sente algo forte por você. Ele não me disse. Mas não preciso das suas palavras — a garota garantiu. — Eu o conheço bem e nunca antes o vi se comportar com uma garota como ele faz com você — ela bufou. — Na verdade, quebrou a própria promessa de não ser ele a tirar a ingenuidade de uma garota para não machucar seus sentimentos como aconteceu comigo. Já sabe como são as mulheres.
— Ele me contou — Alex pegou Davina de surpresa. — Eu o obriguei. Ele disse que não queria fazer isto comigo porque meu irmão arrancaria a sua cabeça. E então perguntei se ele arrancaria a cabeça de Emerick quando vocês dois… já sabe… Foi quando ele esclareceu sobre o que aconteceu com você.
Davina sorriu de novo.
— Seu irmão é virgem — Alex arregalou os olhos surpresa. — Pela sua reação imagino que você nem poderia imaginar. Bom, não acredito que ele vá se manter assim por muito mais tempo porque já estivemos prestes a fazê-lo. Sempre uma coisa ou outra nos interrompe. Não comente com ele, por favor. Contei-lhe pelo único motivo que fiquei surpresa ao me deparar um menino virgem — Davina suspirou. — Mas não é sobre seu irmão que estávamos falando, mas do meu. Nesta foto, você não parece muito feliz se estava pensando no que acabou de me contar. Usaram proteção?
— Sim.
— Então, o que te preocupa?
— Que os medos do seu irmão estejam se tornando realidade. Ele me disse que não queria ser o primeiro na minha vida porque é pouco provável que voltemos a nos ver e não quer machucar meus sentimentos como aconteceu com você e o garoto que ele surrou.
— Mas?
— É tarde, Davina. Creio que me apaixonei pelo seu irmão desde que ele apareceu com Sasi na sua gaiola interrompendo Emerick e a mim. Não faço outra coisa além de pensar em Blake e desejar estar com ele. Adoro como me divirto ao seu lado.
Davina sorriu e seu olhar mostrou compaixão.
— Parece que é tarde para ambos, Alex, porque Blake Olson também está muito apaixonado por você.
***
O último dia do acampamento foi especial para todos. Os guias o declararam «O dia de liberdade» e permitiram que as crianças fizessem o que quisessem desde que não saíssem dos limites do acampamento. Isto significava muito porque era uma grande extensão de terra que incluía parte da montanha.
Alex, Blake, Davina e Emerick decidiram fazer uma caminhada. Uma das atividades que mais desfrutaram durante toda a estadia no lugar. Percorriam a rota que fizeram algumas vezes na companhia de outros grupos e sob o olhar atento de vários guias.
Após algumas horas de caminhada pararam para descansar um pouco em uma clareira da montanha.
Usaram uma pedra como encosto enquanto repunham suas forças e bebiam um pouco de água.
De repente o silêncio natural foi interrompido pelo uivo de um lobo e outro som mais gutural e forte.
Um grunhido.
Eles se entreolharam com surpresa porque sabiam o que isto significava.
— Não se movam — Emerick ordenou às garotas enquanto fazia um gesto para Blake para que cada um desse uma olhada em cada extremidade da rocha.
Eles fizeram isto e Blake não conseguia acreditar no que estava vendo.
— É um urso pequeno e dois lobos. Parece que querem atacá-lo.
— Quão perto eles estão? — Davina perguntou com uma emoção profunda na sua voz. Ela fez a tentativa de se levantar, mas Alex a impediu. — Preciso tirar algumas fotos. Duvido que tenha outra oportunidade como esta.
Mais uivos e grunhidos ecoaram.
Blake sentou-se de novo ao lado de Alex e Emerick o imitou.
Os dois garotos estavam pálidos por causa do medo que sentiam naquele momento.
— Temos que ir embora o mais rápido possível e sem fazer nenhum barulho, portanto cuidado ondem pisam. Na contagem de três começamos a caminhar. Um… — Um grunhido muito mais intenso e próximo os fez estremecer.
A emoção que Davina sentia diante da oportunidade de uma fotografia memorável foi tão poderosa que a impulsionou a agir de maneira muito irresponsável. Ela se levantou e com a câmera apontada para o lugar começou a disparar o obturador.
— Oh, por Deus! Na verdade, é um filhote de urso porque sua mãe chegou para defendê-lo.
A ursa deu um grunhido de ataque antes de começar a correr para onde estava seu filho.
Alex se levantou e presenciou com seus olhos todo o espetáculo do ciclo da vida que acontecia diante dela.
A ursa, com uma patada, lançou um dos lobos no lago que estava atrás deles. O animal ferido deu um uivo de dor quando seu corpo se chocou contra as rochas salientes do lago e maltratado, conseguiu chegar até a outra margem desaparecendo em segundos dentro do denso bosque.
O outro não teve tanta sorte porque já estava em cima do filhote de urso quando a mãe abriu sua boca enorme e enfiou os caninos no pescoço do agressor. Com toda a força que tinha no seu interior para salvar a vida do seu pequeno, ela decidiu sacudir o lobo fazendo pressão no seu pescoço com os dentes.
Enquanto isto acontecia, um flash chamou a atenção do filhote que imediatamente começou a correr para onde as garotas estavam.
— Oh, por Deus!!! Temos de ir embora!!! — Davina lançou a advertência enquanto começava a correr para salvar sua vida.
Emerick e Blake não hesitaram nem por um segundo e correram atrás dela.
Da sua parte, Alex ficou paralisada de medo ao ver um filhote, que parecia brincalhão, vindo na sua direção e se ela se salvasse das garras do «pequeno», que de perto não parecia tão «pequeno», tinha certeza que da mãe não se salvaria. A mãe enfurecida seguia o filhote de urso com o olhar enquanto se certificava que o lobo, que ainda se encontrava na sua boca, estivesse morto.
A ursa lançou um grunhido com força olhando nos olhos de Alex.
Estava advertindo que se tocasse no seu filho, ela se veria com ela.
A pequena besta peluda a alcançou ao mesmo tempo que Blake, fazendo com que o animal se assustasse e retrocedesse mostrando os dentes. O garoto voltou para seu lado quando percebeu que ela não tinha sido capaz de correr junto com eles.
A mãe ursa, já segura de que o lobo não representava um perigo para ela e seu filho, começou a correr na direção das crianças. Blake segurou a mão de Alex e a encorajou a correr. Ela não reagia.
— Não consigo me mover, Blake. Sinto muito. — Sua voz saiu trêmula e seus olhos começaram a se encher de lágrimas. — Vá você. Corra e busque ajuda.
— Não vou deixá-la sozinha. Emerick está buscando ajuda.
Ele segurou sua mão com força e ali eles permaneceram apoiados contra a rocha enquanto o filhote começava a farejá-los.
— Cubra a cabeça quando o ataque começar. Jogue-se no chão, coloque-se em posição fetal e não se esqueça de proteger a cabeça com os braços, está claro? — Alex tentou mover a cabeça para assentir, mas se isto já representava um esforço máximo, não queria imaginar como seria jogar-se ao chão, colocar-se em posição fetal e proteger a …
Uma lambida a fez reagir.
Diante dela, o filhote de urso, que definitivamente não era tão pequeno de perto, olhava para ela com olhos brincalhões. Ele lambeu de novo sua mão.
E mais uma vez.
Ela começou a rir de nervosismo.
Blake perdeu a cor do rosto e acreditou que iria desmaiar quando a ursa mãe se levantou sobre as patas traseiras bem na frente deles.
Ela deu um grunhido enfurecido e quando estava prestes a se jogar em cima das crianças, o pequeno urso a interceptou obrigando-a a brincar com ele.
Alex parou de rir e sentiu uma descarga máxima de adrenalina que fez seu corpo reagir bem no momento em que o urso bebê se aproximou mais uma vez dela correndo, lambeu sua mão uma última vez e voltou para brincar com sua mãe fazendo com que ela fosse para o lago para afastá-la das crianças.
— Agora. Vamos! — Blake disse em um sussurro enquanto começavam a correr na direção do acampamento
Não pararam até que encontraram as cabanas e se depararam com um grupo de guias que estavam dispostos a resgatá-los do ataque do animal que deixaram para trás.
As crianças estavam sem fôlego. Tentavam esclarecer que estavam fora de perigo e que – felizmente – não aconteceu nada com eles, mas de qualquer maneira os guias obrigaram que eles entrassem na enfermaria para que o médico fizesse um exame completo.
Emerick abraçou sua irmã e beijou seu rosto.
Ela quis dizer que estava perfeita, mas a voz não saia por causa da respiração agitada.
— Obrigado por voltar por ela e salvá-la — ele disse para Blake que só conseguiu acenar com a cabeça enquanto tentava normalizar sua respiração.
Após um exame exaustivo, o médico anunciou que eles estavam em perfeitas condições. Muito assustados, é verdade, mas não era para menos. Os guias do acampamento estavam acostumados aos encontros «surpresas» com os ursos e lobos. Ninguém tinha sido atacado, mas porque estavam sempre com os sprays de gás pimenta para afugentar estes animais e salvar suas vidas.
Foi por isto que as crianças receberam uma boa reprimenda, por deixar nas suas cabanas todo o cinturão de primeiros socorros que precisariam no caso de uma emergência. E a reprimenda pareceu se estender aos outros grupos que voltaram de seus passeios sem os cinturões.
Eles agradeceram que não aconteceu uma tragédia e depois viraram a página para permitir que todas as crianças do acampamento fossem para suas cabanas para descansar um pouco porque naquela noite teriam um jantar ao ar livre com fogueiras como despedida já que no dia seguinte cada um voltaria para casa.
***
— Como você está? —Blake perguntou para Alex depois do jantar
— Fisicamente estou bem. Ainda um pouco nervosa.
Ambos sorriram.
— Não consigo acreditar como tivemos sorte ao sair ilesos do ataque da ursa.
— O pequeno cuidou de nós.
— Suas mãos doces salvaram nossas vidas — Blake segurou suas mãos e as beijou.
— Os biscoitos de geleia que comemos depois do café da manhã nos salvaram — ela sorriu divertida. — Talvez não me limpei bem e por isto o filhote de urso as achou tão deliciosas.
Eles se entreolharam por alguns instantes. O olhar de ambos estava cheio de melancolia pela iminente separação que teriam no dia seguinte.
Após o grande jantar de despedida, os guias organizaram uma grande fogueira para passar a noite no lado de fora das cabanas contando histórias e recordando os bons momentos dos últimos trinta dias que passaram juntos no parque.
É claro, a história protagonista da noite foi a de Blake e Alex com o filhote de urso e sua mãe enfurecida. Todos deliravam com a história e não conseguiam deixar de ficarem espantados com a sorte que as crianças tiveram ao viver tal experiência e não terem nenhum arranhão.
Quando os minutos de silêncio começaram a se fazer presente e o cansaço começou a tomar conta das crianças, Emerick e Davina se separaram do grupo. Blake sabia que eles iriam para a cabana atribuída a eles porque Davina comentou que eles queriam ficar sozinhos um pouco.
Para Blake foi a oportunidade perfeita porque aproveitou a ocasião para levar Alex até a clareira do bosque que tanto frequentaram naquele lugar. Alex se mostrou um pouco insegura por se afastar do acampamento por causa do que aconteceu com o urso, mas após um beijo profundo que Blake lhe deu, ela ficou tão atordoada que só se deixou levar pelos seus sentimentos que exigiam ficar a sós com Blake.
Eles se deitaram sobre a manta que estenderam na grama. Naquela noite a lua brilhava em todo seu esplendor. A clareira escura se estendia ao longo do bosque criando um ambiente romântico e envolvente. Soprava uma brisa muito fresca e Alexandra desejou ter o poder de parar o tempo e não se separar de Blake nunca mais.
Suspirou.
Blake a imitou e a apertou com força contra ele.
— Nunca tinha me sentido assim com uma garota, Alex.
— Não quero que amanheça.
— Nem eu — ele sussurrou. Dizia a verdade, ele não queria. Temia que chegasse a manhã. Temia a despedida.
Ela levantou a cabeça para olhar nos seus olhos. Sorriu com tristeza.
Ela era bonita. Blake gostava dos seus lábios macios e suaves. Seus cachos macios e bagunçados. E seu cheiro, silvestre e delicado. Não conseguiria esquecê-la nem em mil anos.
— Irei até Houston assim que puder e prometo que não deixarei de escrever para você — ele a segurou com gentileza pelo queixo e deu-lhe um beijo.
— Farei o mesmo. E vou esperar que você venha por mim.
Seus olhares se encontraram de novo substituindo seus medos pelo amanhã. Seus lábios sincronizaram-se com seus movimentos, reconhecendo o sabor um do outro e o desejo se fez presente para fazer com que eles vivessem os últimos momentos inesquecíveis para ambos.

Disponível:
Um amor de verão que se recusa a morrer, uma promessa de reencontro, um destino que os une ao amor verdadeiro.
Davina Olson e Emerick Eldridge se conhecem em um acampamento de verão em Yellowstone onde os dias passaram entre risadas, beijos, carícias e o momento mais íntimo que poderiam viver nesta etapa das suas vidas.
Mas tudo que é bom acaba logo e a situação deles não seria a exceção. Prometeram não manter contato e deixar nas mãos do destino o relacionamento que marcaria ambos para sempre.
Para sua surpresa e quando adultos, o destino os une, permitindo-lhes deixar fluir aqueles sentimentos que deixaram congelados no tempo.
Davina é uma fotógrafa reconhecida que viaja pelo país no seu motor-home enquanto que Emerick é o chefe da seção de gastronomia de uma importante revista para mulheres. Ambos querem continuar com a melhor história de romance das suas vidas, mas Davina se recusa a deixar sua liberdade para ficar com Emerick e não é capaz de pedir que ele deixe tudo para segui-la.
O que acontecerá entre eles?
Conseguirão encurtar de uma vez por todas a distância que parece insistir em mantê-los afastados?
— Davina! Finalmente te encontro! — Blake encontrou sua irmã afastada do grupo com o qual eles chegaram em Yellowstone e que já estava recebendo instruções por parte dos guias do acampamento. — Por que não me esperou ao descer do ônibus?
— Vi você conversando com uma garota e não queria ver como você emprega sua arte sedutora.
— Você me ofende se acredita que faço com elas o que o idiota do Bobby fez com você.
Ela encolheu os ombros sem dar importância.
— Tanto faz, Blake. Você é um garoto e é isto que os garotos fazem.
— Você está falando sério? Acredita que eu seja capaz de fazer isto com uma garota?
Ela olhou para ele com a expressão nítida de não-me-diga-que-não.
Ele não conseguiu continuar fingindo. Nunca conseguia fazê-lo diante da sua irmã.
— Tudo bem, admito que já fiz antes, no entanto, não poderia fazê-lo de novo, Davina. Não depois de ver tudo que você sofreu.
Ela sorriu com ternura para ele.
— Isso eu acredito.
Ele a abraçou e ela respondeu ao abraço.
— Acabo de conhecer uma garota que me flechou — ele comentou com sua irmã com expectativa no olhar. Davina ficou curiosa para ver como era a garota porque ela nunca notou esta expressão nos olhos de Blake.
— Ela tem um irmão. Poderíamos sair os quatro.
— É minha vez de perguntar: você está falando sério?
— Por que não? Você não pode ficar a vida toda pensando que Bobby machucou seus sentimentos. Além disso, já dei o que ele merecia e você tem que sair com outros garotos, sem fazer nenhuma estupidez — ele esclareceu sério. — Acredito que o irmão de Alex é novato com as garotas. Sei reconhecer um novato quando vejo.
Davina deu uma gargalhada. Eles se dirigiam para sua cabana.
— Como você pode saber? — ela perguntou nitidamente divertida.
— Percebe-se, D, percebe-se.
— Se você diz.
— Eu garanto, você estará mais do que segura com ele.
***
— Você é Davina?
— E você é…?
— Emerick — ele estendeu a mão com educação —, o irmão de Alex. Ela e seu irmão disseram que estariam por aqui. Não consigo encontrá-los. Você sabe onde eles estão?
— Escondidos, beijando-se em algum lugar.
Emerick franziu o cenho e Davina compreendeu que ele não achou seu comentário engraçado.
— Não digo por mal, Emerick. É só que eles se gostam e é isso que os garotos da nossa idade fazem quando se gostam.
— Sim, eu imagino — Davina o analisou. De repente pareceu que Blake tinha um pouco de razão. Este garoto não parecia igual ao que ela conheceu na escola.
— Em que cabana vocês estão? — ela perguntou.
— 98 e vocês?
— 115.
— O que você faz aqui tão sozinha?
— Não quero que nenhum garoto se aproxime de mim.
Ele arregalou os olhos surpreso.
— Ok. Então vou embora.
Ele virou-se e após dar alguns passos a garota o chamou de novo.
— Emerick? Posso chamá-lo de Em? É mais cômodo.
Ele virou-se para encará-la.
— Sim, eu imagino.
— Sinto muito, não queria ser mal-educada com você. É que não estou em um bom momento e na verdade não tenho disposição de ser abordada por garotos bobos que só buscam beijos e colocar as mãos em certos lugares do meu corpo.
— Ok — Emerick levantou ambas as mãos. — Prometo ter as mãos sempre à vista e a boca afastada da sua.
A garota deu uma gargalhada sincera e enérgica que deslumbrou Emerick.
Ele a pormenorizou e viu que surgia um par de covinhas nas bochechas quando sorria. Tinha um rosto doce e sim, lábios que provocavam.
Ele afastou os pensamentos que de repente o assaltaram. Ele disse que se manteria afastado e faria isto.
Ela tinha uma câmera fotográfica pendurada no pescoço.
— Você gosta de fotografia?
— Adoro.
Emerick sentou-se ao lado dela no tronco que estava mais afastado da fogueira.
— Eles têm um quarto de revelação aqui, você sabia?
Ela olhou com alegria para ele.
Ele gostava daqueles olhos amendoados e expressivos.
— Sim, eu descobri ontem e foi fantástico porque convenci os guias a me deixarem cuidar do quarto.
— Que bom. Esta manhã, Alex e eu, junto com outro grupo, caminhamos por uma trilha com vistas impressionantes. Poderia lhe mostrar amanhã já que teremos tempo livre.
— Eu adoraria — ela olhou nos seus olhos.
— Prometo me manter afastado — ele brincou mais uma vez. Embora não tivesse muita certeza se poderia se manter tão afastado porque a garota lhe atraia.
— Acredito que vamos ser bons amigos, Em.
— Eu também acredito — ele disse sorrindo.
***
Ficaram de se encontrar no dia seguinte, após as tarefas de limpeza e organização atribuídas a cada um no acampamento.
Davina precisava encontrar a maneira de se livrar da responsabilidade que tanto odiava porque arruinava sua manicure e além disso, subtraia um tempo valiosíssimo para tirar fotos da natureza que a cercava. Por enquanto não tinha outra opção, esperaria mais uma semana e diria ao seu irmão que lhe daria dinheiro para que ele assumisse suas tarefas domésticas enquanto ela aproveitava o tempo para se esgueirar e tirar fotos.
Ela chegou no caminho na hora combinada entre ela e Emerick. O garoto a esperava ali com uma mochila.
Ela levava apenas a câmera e se perguntou se deveria ter sido mais precavida, nem tinha uma garrafa de água.
— Bom dia — ela olhou desconfiada para ele. — Devo voltar por uma garrafa de água e comida? — Ela apontou para a sua mochila e acrescentou —: Não sabia que iríamos tão longe.
— Bom dia — Emerick sorriu e Davina sentiu um arrepio percorrer seu corpo. — Não é necessário, levo coisas para os dois. O lugar não fica longe e tenho certeza que você irá querer ficar um bom tempo — ele fez uma careta de insatisfação — de acordo com minha mãe, eu sofro da síndrome do buraco negro na minha barriga porque sempre estou com fome.
Ela deu uma gargalhada.
— Diga para sua mãe que ela não conheceu meu irmão. Ele é como um maldito urso quando está no período prévio à hibernação.
— Aliás, você sabe onde eles iam? Eles são muito escorregadios.
«É Blake Olson» Davina pensou, sorrindo com a ironia.
— Não faço ideia. Eu lhe garanto que meu irmão não machucará sua irmã — eles começaram a caminhar. — Depois do meu episódio com Bobby, ele prometeu ser diferente com as garotas. Portanto pode parar de se preocupar.
— E quem é Bobby? — ele perguntou com cautela e notou como a garota ficou completamente tensa. O garoto percebeu que «Bobby» era uma persona non grata na vida de Davina. — Esta parte do bosque é bonita, não? — ele mudou a conversa drasticamente.
Davina olhou de soslaio para ele e relaxou.
— Sim — ela respondeu levantando a câmera e capturando uma foto do garoto.
— Não sou o melhor modelo.
— Para mim, eu acho que você está bem.
— Obrigado — ele olhou para ela animado. Ele gostava da garota e isto lhe injetou uma quantidade de emoções desconhecidas.
Emerick não era o garoto clássico que vai se apaixonando por todas as jovenzinhas bonitas do colégio e deixa suspirando aquelas que acreditam que jamais poderiam chamar a atenção de um garoto como ele. Não. Era mais do grupo dos tímidos, daqueles que o nervosismo traía quando estavam diante de uma garota que gostavam e isto não jogou a seu favor nos poucos encontros que tinha tido até aquele dia.
Sempre que seu grupo de amigos saia para «caçar» ele inventava uma desculpa qualquer para ficar bem longe deles e não revelar que era completamente inexperiente quando se tratava de garotas. Que nem sabia como falar com elas quando deveria conquistá-las e, menos ainda, levá-las para a cama. Pouco conseguiu no seu último encontro com o sexo oposto na festa que seu amigo Oliver organizou na sua casa um final de semana em que seus pais não estavam.
Uma garota se jogou nos seus braços, beijou-lhe e ele não teve outra opção a não ser ir na onda, embora o interior da sua boca fosse completamente o oposto do que ele imaginou anteriormente sobre como deveria ser a sensação de um beijo. Seco, áspero e com um sabor ácido de nicotina e álcool. Algo que agitou suas entranhas imediatamente e ele teve de suportar para disfarçar diante dos seus amigos para que assim o deixassem em paz de uma maldita vez.
Quando acreditou que tudo tinha terminado, a garota o arrastou para um dos quartos da casa e fechou a porta com chave assim que entraram.
Ela começou a se despir enquanto lutava para manter o equilíbrio.
Quando o seu vestido caiu no chão e seu peito ficou exposto, Emerick pensou que havia algo de errado com ele porque sequer sentiu atração diante daquela visão muito menos sentiu-se excitado como seus amigos comentavam que se sentiam quando tinham uma oportunidade como a que ele tinha nas suas mãos naquele momento.
Ela sentou-se com as pernas abertas sobre ele e começou a beijá-lo de novo. Desta vez ninguém os via e Emerick conseguiu se livrar dela antes de perder o controle sobre as náuseas que ela lhe provocava e vomitasse em cima dela. Ele se desculpou dizendo que precisava ir ao banheiro e, para sua sorte, ao sair a garota roncava como o mais tosco dos caminhoneiros.
Não houve necessidade de explicar nada ao sair porque, para seus amigos, pareceu ficar claro que Em desfrutou de uma boa transa com a garota. Isto o tranquilizou e ele rezou para que no dia seguinte ninguém mencionasse isto para ela assim não precisava voltar a cruzar seu caminho de novo.
— Bobby é um idiota com quem meu irmão aprendeu que as garotas sofrem muito quando brincam com seus sentimentos.
Davina o tirou das suas lembranças.
Ele assentiu. Aquele «Bobby» merecia seja o que fosse que Blake tivesse feito para defender Davina.
Ele franziu o cenho e sentiu como se uma bigorna caísse no fundo do seu estômago.
Por que ele se sentia assim?
Davina pegou a câmera e tirou mais algumas fotos do ambiente que os cercava.
Ela era bonita, não havia dúvida disto.
Ele gostava de Davina?
Tropeçou com a raiz de uma árvore e por pouco cai no chão.
Davina não conseguiu evitar cair na gargalhada e ele a imitou até que brotaram lágrimas nos seus olhos.
Ela olhou fixamente para ele enquanto ele não conseguia parar de rir.
Suas pernas viraram gelatina e o nervosismo a atacou. Aquelas gargalhadas pareciam pura melodia para seus ouvidos. Ela parou de rir. Mergulhou na visão que tinha diante de si porque não queria perder nenhum detalhe.
Alguns segundos depois, ela se perguntou por que diabos ainda não tinha tirado nenhuma foto do garoto rindo assim.
Era muito tarde quando tomou a decisão e focalizou a câmera.
Emerick começou a se acalmar e enxugar as lágrimas dos olhos.
Ele a viu extasiada diante dele.
— Está acontecendo alguma coisa com você?
Ela negou com a cabeça e Emerick não conseguiu evitar aproximar-se dela.
Ele levantou a mão porque de repente sentiu a necessidade de acariciar seu rosto enquanto ela continuava com o olhar fixo no seu.
O nervosismo causava desastres na coordenação de Emerick e ele pensou que seria melhor não fazer nenhuma bobagem.
— Continuamos? Já falta pouco.
Ele se virou e seguiu pelo caminho deixando uma Davina atrás dele observando-o enquanto ele se afastava e como crescia no seu interior a curiosidade para saber por que ele não aproveitou o momento para acariciá-la ou beijá-la.
Em que estava pensando se ela mesma não queria que nada disto acontecesse?
Balançou a cabeça para afastar os pensamentos estranhos que pareciam não ter nenhuma intenção de desaparecer.
Alguns minutos depois, o bosque deu lugar a uma área que ela não soube como descrever de tão perfeita que era. Davina pensou que deveria ser como estar no céu com o mundo aos seus pés.
***
Uma semana depois, aquele lugar transformou-se no local favorito de ambos. Davina se sentia tão à vontade por estar ali, à beira da montanha com uma vista magnífica do lugar em que as ondas das montanhas e do rio correndo entre elas lhe recordavam que a vida era maravilhosa e a natureza era vida.
Alegria.
Com a sua pouca idade não precisava que ninguém lhe dissesse quão sortuda ela era por ter a oportunidade de apreciar estes momentos que a natureza lhe presenteava e mais sortuda ainda por poder imortalizá-los com sua câmera. Solicitou mais rolos de filmes fotográficos para os guias porque os seus se acabaram em um piscar de olhos e tinha todo o acampamento fascinado com suas fotos.
Passava mais tempo dentro do quarto de revelação — ou em passeios improvisados e não autorizados — do que no próprio acampamento. Conseguiu encontrar uma maneira para pagar Blake em troca que ele também fizesse as tarefas domésticas que lhe correspondiam e Emerick também se ofereceu para ajudá-la de vez em quando.
Emerick.
Este garoto a fazia se sentir tão diferente que parecia irreal tudo o que vivia com ele.
Ele era divertido, carinhoso e muito tímido.
Lembrou-se das palavras do seu irmão quando lhe disse que tinha certeza que Em era inexperiente com as garotas. Davina conseguiu confirmá-lo.
O dia anterior tinha sido o dia livre da semana e eles decidiram fazer um piquenique no seu lugar favorito.
Eles estavam dentro dos limites permitidos pelos guias do acampamento, poderiam permanecer ali pelo tempo que quisessem.
Eles ficaram entretidos, como tantos outros dias, conversando sobre muitas coisas. E isto era algo que lhe atraia muitíssimo em Emerick, a capacidade que tinha para ouvi-la e compartilhar seus gostos.
Não lhe incomodava falar com ela durante horas e o que era mais importante: fazia isto sem pedir um beijo ou algo mais em troca.
Falavam sobre gostos musicais, de arte, de leitura. Coisas que para ambos eram importantes. O amor de Davina pela fotografia e o quanto Emerick gostava de se perder entre as notícias da imprensa.
De vez em quando falavam sobre suas famílias.
Emerick tocava pouco no assunto após explicar que seus pais estavam em processo de divórcio e que, certamente, quando voltassem para casa muitas coisas mudariam. Davina compreendia sua falta de vontade para falar sobre este assunto. Notava nos seus olhos quanto lhe magoava a separação. Principalmente quando comentou que o que mais lhe afetava era o sofrimento da sua irmã pela maneira como seu pai decepcionou a todos, em especial a ela, que era a menina dos seus olhos.
— Sou o filho do meio — ele sorriu. — Já sabe, tenho a atenção e o amor dos dois, sem ser o preferido de nenhum.
Davina sorriu.
— Bah! Que bobagens você diz! Meus pais nos amariam a todos por igual. Com certeza os seus fazem o mesmo.
— Claro, no entanto, não podem ter dois filhos favoritos. Quem é o favorito da sua mãe?
Ela ficou pensativa.
— Bem, eu não tinha pensado nisto antes. A verdade é que minha mãe ri como boba quando meu irmão a beija ou olha nos seus olhos.
— E com você, como é?
Ela encolheu os ombros.
— Igual, mas não com aquele brilho que se forma no seu olhar.
Emerick assentiu.
— E seu pai?
Ela riu envergonhada.
— Faço com ele o que eu quiser — ambos deram uma gargalhada e Davina teve a rapidez de imortalizar Emerick com o rosto virado para o céu rindo em plenitude. Como gostava desta sua maneira de rir!
— Gosto do seu sorriso.
De repente ele parecia ter visto um fantasma.
Ela compreendeu que ele não esperava esta reação da parte dela e a garota já não conseguia — e nem queria — continuar dissimulando o quanto gostava de Emerick. Fez o seu melhor para não se envolver com ele. Aparentemente estava mais envolvida do que acreditava.
— Não se assuste, Em, é apenas um elogio.
Emerick sorriu envergonhado desviando o olhar.
O silêncio tomou conta deles e Davina começou a se sentir incomodada.
— Está tudo bem se voltarmos? — ele sugeriu com a vergonha ainda refletida no seu rosto. Ela apenas assentiu.
Eles se levantaram, recolheram tudo e antes de começarem a caminhar, ela disse:
— Ouça, Em — eles estavam cara a cara —, não queria deixá-lo desconfortável. Sinto muito.
Os olhos dele se fixaram nos dela e ele se aproximou mais.
Davina desviou o olhar, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e ruborizando por completo. Naquele momento Emerick não sabia que este era o gesto que delatava o nervosismo de Davina. Ele descobriria com o passar dos dias.
Quando estava na sua frente, a poucos centímetros de distância, deixou que suas mãos acariciassem os braços da garota até chegar às suas mãos, onde permitiu que os dedos de Davina se entrelaçassem com os dele.
Davina notou o ligeiro tremor nas suas mãos, ele estava nervoso.
Pareceu-lhe a coisa mais fofa do mundo. Nunca tinha conhecido a inocência em um garoto e também nunca ouviu suas amigas falarem sobre esta inocência masculina. Sentia-se feliz por compartilhar este momento tão delicado com ele.
O instinto de ambos os obrigou a colarem seus corpos e quando estavam a poucos milímetros um do outro, Emerick roçou seus lábios nos dela.
Davina não tinha palavras para descrever a sensação que aquele roçar causou no seu corpo. Era totalmente desconhecida para ela.
Sabia o que era sentir-se excitada, mas aquilo beirava o absurdo. Sua pele arrepiou e seu centro contraiu-se de desejo.
Emerick continuou aplicando o roçar por mais alguns segundos e depois entreabriu os lábios.
Ela imitou seus movimentos e cedeu a sua boca.
Emerick apertou suas mãos com mais força e deu-lhe um beijo que ela jamais esqueceria.
***
Emerick apertava com força as mãos de Davina. Quando roçou os lábios nos lábios da garota não conseguiu deixar de recordar aquele primeiro beijo da sua vida com a jovem da festa.
Roçou de novo nos lábios de Davina e quando o hálito saiu da sua boca, Emerick sentiu o calor que chegava às suas entranhas e o inflamava como os vulcões deveriam se inflamar.
Outro roçar e sentiu seu membro latejar.
Como Davina poderia despertar estas emoções nele sem nem tirar a roupa?
Esta curiosidade despertou seus desejos mais íntimos e, como se fosse algo básico, soube como deveria agir a seguir.
Entreabriu os lábios e acariciou os lábios de Davina com a língua.
O nervosismo estava lhe matando.
E se ele não gostasse do beijo de novo?
Davina abriu a boca e deixou que sua língua enfrentasse a dele.
Por Deus Santo!
Como podia sentir tantas coisas com um único beijo?
Um som gutural escapou dele ao mesmo tempo em que seu pênis latejava de novo.
Ele se agarrou mais a Davina e a beijou com ímpeto e desespero. Decidiu deixar as mãos agarradas às dela embora quisesse deixá-las sair para explorar.
Considerou que deveria ser ela quem decidia se queria dar o passo seguinte, embora ele estivesse morrendo de nervosismo ao pensar que poderiam ter relações sexuais e que era completamente inexperiente no assunto.
Seu coração batia com tanta força que pensou que iria escapar pela sua boca.
Queria beijá-la até a exaustão e continuar se deleitando com o interior da sua boca, que era perfeita.
Ela interrompeu o momento com beijos delicados nos seus lábios e depois procurou refúgio no seu peito ao mesmo tempo em que ele a envolvia em um forte abraço.
— É o melhor beijo que já me deram na vida.
— Para mim, é o primeiro — Emerick não queria esconder nada dela e duvidava que ela pudesse zombar da sua inexperiência.
Ele a sentiu sorrir.
— Eu sei e você é a pessoa mais doce que já conheci, Em.
Ele a apertou com mais força.
— Não vamos nos apressar. Ainda temos muitos dias pela frente — ela disse em um sussurro.
— Não me oponho — embora Emerick quisesse experimentar porque seus instintos básicos assim exigiam, ele sabia que ela tinha razão.
— Vamos voltar para o acampamento.
Caminharam de volta de mãos dadas, olhando-se nos olhos com a cumplicidade marcada neles.
***
As coisas entre Emerick e Davina estavam se tornando cada vez mais acaloradas. Menos controláveis e parecia que nenhum dos dois se sentia incomodado com isto.
Os beijos apaixonados deram lugar às mãos bobas por baixo das camisetas.
As mãos de Emerick pareciam conhecer completamente o peito de Davina.
Quando acariciava seus seios, sentia-se em estado de graça. Ela guiava o caminho que deveria seguir com gemidos, o que a garota gostava e ele sentia-se cada vez mais próximo de perder a sanidade.
Davina enlouquecia com as carícias de Emerick e decidiu passar para a ação muitas vezes, mas por um motivo ou outro, sempre eram interrompidos.
Na primeira vez, um guia os surpreendeu no quarto de revelação.
Ela estava em seus braços, as mãos de Emerick estavam massageando seus seios com paixão e de repente bateram na porta. Emerick encontrou um bom esconderijo e o guia não suspeitou do que estava acontecendo ali.
Na segunda vez, estavam no seu lugar favorito quando o beijo que estavam dando ficou mais intenso, ouviram vozes e deixaram o assunto para outra ocasião porque deveriam receber companhia.
Casualmente, naquele dia, Alex e Blake se depararam com eles e decidiram passar o dia ali.
Este encontro não foi tão ruim. Foi a oportunidade perfeita para tirar fotos do quarteto que eles formaram. Teriam boas recordações daquele dia.
E assim aconteceram outras tantas interrupções entre eles, sempre os levando a adiar o encontro íntimo que tanto desejavam e à medida que se aproximava o dia de voltar para casa, os passeios e as atividades em grupo organizados pelo acampamento se intensificavam, deixando-lhes com pouco tempo livre para se explorarem mais profundamente.
Naquele dia teriam que concluir o que começaram porque era o último dia no acampamento e Davina não queria ir para casa com a lembrança de um beijo. Queria mais. Queria permanecer nas lembranças de Emerick e que ele ficasse nas dela para sempre.
Não tinha certeza se poderiam manter contato quando voltassem para suas vidas, na verdade, era melhor se não fizessem isto porque preferia passar um mau momento pela separação que estavam cientes com o fim do acampamento e não odiar Emerick porque a distância entre eles ganhou terreno levando-os a conhecer e experimentar com outras pessoas.
Não.
De maneira nenhuma poderia fazer isto porque sabia por experiência própria como se sofria.
Saiu do banheiro e viu Blake se perfumando.
— Esta noite vai ser especial, hein? — ela brincou com ele.
Blake ruborizou. Nunca tinha visto seu irmão com esta atitude por uma garota.
— Isto se encontro uma maneira para que consigamos escapulir para longe dos guias porque depois do urso, eles nos terão mais do que vigiados.
Ela assentiu.
Aquele dia foi o mais assustador da sua vida.
Os guias deram o dia livre de atividades e permitiram que eles fizessem o que quisessem, em grupos, para que compartilhassem o último dia de acampamento.
Decidiram fazer um percurso que já conheciam e levaram uma boa surpresa ao chegar em uma clareira da montanha e se depararem com um filhote de urso que estava prestes a ser atacado por dois lobos.
No momento em que tudo aconteceu, eles estavam atrás de uma rocha que lhes serviu de apoio, em especial para Davina quando levantou a cabeça e capturou imagens únicas com sua câmera. No meio da sessão de fotos, apareceu a mãe enfurecida do filhote de urso e ela defendeu seu filho como uma fera; enquanto sua mãe estava muito ocupada, o pequeno travesso se viu atraído pelo reflexo da lente da câmera de Davina e correu até eles.
Eles correram para se salvarem de um ataque, mas logo Blake parou de repente porque percebeu que Alex não os seguia. Um rugido da ursa os assustou ainda mais e Blake voltou a toda velocidade para procurar por Alex.
«Procurem ajuda, corram.» Foi o que ele conseguiu dizer enquanto corria para salvá-la.
Davina e Emerick não se fizeram rogar e correram até chegarem ao acampamento, sem fôlego. Deram o alerta e os guias saíram para procurar as crianças.
Emerick não parava de tremer e Davina só rezava para que nada de ruim acontecesse com eles.
A alma voltou para os seus corpos quando os viram voltar sãos e salvos ao acampamento.
Nem por isto se salvaram de uma boa bronca por não terem tido a precaução de saírem com o kit anti-ursos que lhes foi entregue.
Felizmente não passou de uma boa bronca e com certeza esta seria a história da noite para fechar com chave de ouro os trinta dias passados no acampamento.
Fariam uma grande fogueira, cantariam canções e contariam histórias como despedida.
Ela suspirou.
— Blake?
Seu irmão olhou nos seus olhos.
— Você deixa a cabana para mim hoje à noite?
Blake não conseguiu evitar franzir o cenho. Não gostava de imaginar por que sua «irmãzinha» queria a cabana para ela naquela noite.
— Não me importo em quebrar a sua cara se ele a machuca. Tanto faz se é o irmão de Alex. Compreende?
— Ele não vai fazer isto, Blake. Emerick é muito diferente dos outros.
— Você está apaixonada?
— Você não está apaixonado por Alex?
Blake sorriu com ternura para ela. Seu irmão estava perdido por Alex.
Eles se abraçaram e saíram para viver a última noite de um verão que seria inesquecível para todos.
***
Após o jantar oficial do acampamento, eles se reuniram na grande fogueira e como Davina tinha imaginado, o encontro com o urso foi o assunto principal da noite.
Não lhe incomodava ser o centro das atenções, mas naquela noite em particular, queria que as pessoas se cansassem logo e os deixassem em paz para poderem escapulir.
Quando Davina encontrou a oportunidade, pegou a mão de Emerick e sussurrou no seu ouvido.
— Te vejo na minha cabana em dez minutos.
Emerick assentiu envergonhado e Davina deu-lhe um beijo suave no rosto.
O coração de Emerick acelerou.
E se pedisse algum conselho para Blake?
«Você é idiota? Ele é o irmão. Ele arrancaria sua cabeça se você pergunta algo assim sabendo que é sua irmã que acabará dormindo com ele.» Mas a esta altura, ele sabia que entre eles acontecia muito mais do que um simples beijo.
Alex e Blake pareciam se conhecer a vida toda. E ela parecia muito diferente fazia alguns dias.
Ele suspirou.
Já teriam se passado dez minutos?
Ao diabo! Iria de uma maldita vez e se comportaria como um homem.
Caminhou na direção da cabana tendo que fazer uma parada obrigatória para procurar um esconderijo seguro já que um dos guias estava supervisionando a área.
Quando ele o perdeu de vista, continuou seu caminho.
Toc. Toc.
Bateu na porta com os nós dos dedos.
Suas mãos tremiam e de repente sentiu que fazia um frio insuportável.
Seria o clima ou seu nervosismo?
Ele suspirou de novo para se acalmar justo quando Davina abriu a porta e deu-lhe um sorriso torto, ruborizando-se.
Ela era maravilhosa.
Entrou e fechou a porta atrás de si.
Davina certificou-se de passar a tranca.
Depois aproximou-se de Emerick e com o olhar fixo no dele, passou os braços ao redor do seu pescoço e deu-lhe um beijo delicado na boca.
Emerick a pressionou contra si pela cintura e intensificou aquele beijo deixando que a língua acariciasse com delicadeza seus lábios.
Ela era tão doce, tão única.
— Nós dois estamos tremendo, Em.
Ele riu com nervosismo.
— Davina, nunca estive com uma garota antes — ele se sentiu um bobo ao dizer isto em voz alta. Além disso, ela sabia. Não havia necessidade de esclarecer.
Ela sorriu para ele com tal ternura que Emerick sentiu uma cambalhota no coração.
Ela o desejava?
Era isto que chamavam de amor?
Ele se agarrou a ela e plantou um beijo profundo e intenso e de repente, uma estranha coragem tomou conta dele.
Ele acariciou suas costas com carinho. Enterrou as mãos no seu cabelo enquanto continuava devorando sua boca com desespero.
O que deveria fazer a seguir?
Lembrou-se dos seus seios.
Oh sim, aqueles seios!
Então tirou sua camiseta e com ansiedade, tirou seu sutiã.
Deus santo! Essa cena iria enlouquecê-lo.
Agora compreendia o que era excitar-se vendo um peito bonito, voluptuoso, firme, com os mamilos dispostos para ele.
Ela ruborizou enquanto ele a admirava.
Ele a segurou pelo pescoço e aproximou-se do seu ouvido.
— Você é perfeita, Davina.
Beijou seu pescoço, sendo sutil embora seu instinto insistisse em ser selvagem. Não queria isto para Davina.
Ela ajudou a tirar sua camiseta e depois se colou nele por completo para beijá-lo.
A pele firme e quente do seu peito fez com que Emerick estremecesse e seu pênis pedisse aos gritos que o deixasse sair.
Era o momento?
Depois, ela o convidou para se sentar na cama e voltou a se aproximar dele deixando à disposição da sua boca seus mamilos endurecidos e desejosos de contato.
Emerick não suportou esta visão. Segurou ambos os seios, um em cada mão e os massageou com intensidade. Ela arqueava as costas indicando que queria mais.
Então aconteceu e Emerick tomou posse de um dos mamilos para torturá-lo com a língua.
Ele se sentiu primitivo, básico.
Chupou com força e Davina agarrou-se ao seu cabelo.
Ela tirou a bermuda que usava e livrou-se da sua roupa íntima.
Emerick sentia que ia desmaiar.
— Como você pode ser tão bonita?
Ele se levantou e a segurou pelo pescoço mais uma vez.
Ele a beijou até a exaustão.
E depois imitou suas ações anteriores tirando sua calça e cueca.
Ela envolveu com a mão a sua ereção, que saltava à vista.
Para Davina este momento estava sendo tão especial que sentia, pela primeira vez, que estava fazendo amor.
Não tinha nada a ver com a noite que passou com Bobby.
Emerick era tão doce e tão maravilhoso com ela.
Não conseguia imaginar que um garoto pudesse ser tão especial.
Ela o acariciou por um tempo enquanto o convidava para se deitar na cama. Ali, um ao lado do outro, começaram com a onda de carícias que os levaria à primeira descarga de prazer.
Ela sabia como deveria tocá-lo, Bobby lhe ensinou e Davina não tinha nenhuma reclamação sobre o desempenho de Emerick com ela porque ele parecia conhecer seu corpo completamente.
Quando se saciaram de prazer com as carícias, Davina quis passar para o próximo nível.
Ela olhou nos seus olhos e o beijou.
Emerick sentia estar no céu. As carícias da garota foram uma experiência assombrosa. Queria mais disto. Mais dela.
Encantou-lhe e o excitou ainda mais ver como ela respondia às suas carícias e o conduzia de maneira sutil para lhe dar mais confiança.
Era a professora perfeita.
Seu pênis se fez sentir de novo e pensou que deveria ir mais longe.
Voltou a tocar entre suas coxas e a garota gemeu.
Ela ergueu os quadris para se esfregar na sua mão. Seu olhar pedia mais.
Ele parou e procurou pelo preservativo que sempre levava consigo desde que saia com seus amigos, caso algum dia acontecesse uma ocasião como esta.
Ele sorriu.
Uma ocasião como esta não surgiria nunca mais a menos que ele a repetisse com a mesma pessoa.
Naquele instante sentiu uma pontada no peito.
Nostalgia?
Sentiria saudades dela?
Agradeceu ter prestado atenção nas aulas sobre prevenção de gravidez e doenças venéreas e por ter praticado colocar um preservativo porque teria morrido de vergonha se ela também tivesse de lhe ensinar isto.
Voltou para o seu lado e a acariciou inteira.
Depois ela se moveu para ficar posicionada no centro da cama, acomodou um travesseiro debaixo da cabeça, deixando seu cabelo espalhado ao redor.
Eles se olharam nos olhos e ele acariciou seu rosto.
Era a melhor visão que ele contemplou na sua vida e iria levá-la gravada na sua memória.
Ele a guardaria para sempre com ele.
Ela se abriu para ele.
Davina estava pronta, queria saber por completo o que significava fazer amor porque tinha o pressentimento de que nunca mais voltaria a experimentá-lo a não ser que fosse com a mesma pessoa.
Ela também sentiu uma pontada no peito.
Com certeza ela sentiria muitas saudades dele.
Ele se colocou no lugar exato e apenas se deixou atrair pelo imã que ela representava.
Ele a penetrou com delicadeza, sentindo-a por completo.
Seus movimentos se tornaram naturais, instintivos, intensos, levando-os ao clímax em segundos.
Emerick olhou nos seus olhos.
— É o melhor momento da minha vida.
Ela sorriu para ele.
— E da minha.
— Você acredita que vamos sentir saudades um do outro?
Ela assentiu.
— Vamos nos escrever?
Ela negou com a cabeça.
— Será melhor aproveitarmos esta noite ao máximo para nunca esquecermos desta viagem e o resto, deixaremos para o destino. Vamos nos machucar muito mais se depois paramos de nos escrever. Se cabe a nós ficar juntos, voltaremos a nos encontrar no futuro.
Ele compreendeu seu ponto de vista e concordou.
Ele lhe deu um beijo delicado nos lábios.
Ela contraiu o interior do seu ventre e Emerick sentiu que se excitava de novo.
Retomaram as ações para voltar a se saciarem mais mil vezes durante a noite.
Era a última noite e o que aconteceria depois seria incerto porque assim eles estavam decidindo.

Disponível:
Elena e Calvin Eles vão se deixar levar pelo que sentem?
Elena acaba de retornar aos Estados Unidos após deixar as cinzas da sua mãe nas águas azul-turquesa do mar do Caribe. E agradece que a família Wagner, mais uma vez, a ajude a seguir em frente conseguindo uma boa oportunidade de trabalho para cuidar da saúde de Baltashar Eldridge, um homem de quem se recordava pouco, mas de um jeito bom, graças a alguns verões que a família Eldridge passou as férias na casa dos Wagner.
Parecia uma excelente ideia se reencontrar com seus amigos de infância: Alex, Emerick e seu amor platônico quando criança, Calvin.
O que está reservado para Elena e Calvin?
O que têm em comum Elena e a garota que roubou o coração de Calvin naquele verão em Santa Mônica?
Calvin se tornará em algo mais do que um «amor platônico» para Elena?
Desde muito pequeno, Calvin Eldridge demonstrou que sua vocação estaria próxima da justiça, trabalhando como advogado que lutaria para demonstrar a verdade daquilo que defendia. Tinha um dom mágico com as palavras para chamar a atenção daqueles ao seu redor.
Todos permaneciam em silêncio, demonstrando respeito diante das suas palavras, que sempre eram coerentes e com argumentos tão sólidos que nem o mais sábio dos homens teria sido capaz de discutir com ele.
Não por ser criança, não. Ninguém se atrevia a discutir com ele porque Calvin não deixava espaço para que pudessem refutar algum dos seus argumentos.
Seu pai sabia que ele seria advogado, não precisava ser um gênio para perceber isto e o fato de ter passado alguns verões na casa dos Wagner favorecia a paixão de Calvin por aprender a fazer do mundo um lugar melhor e justo para aqueles que precisavam.
Foi assim que este pequeno gênio dos discursos, em uma idade tão terna, era o preferido de William Wagner, um bom amigo de Baltashar Eldridge.
— Prometa que quando seu filho terminar a universidade, você vai enviá-lo imediatamente para o escritório — William Wagner olhou com interesse para Baltashar.
— Farei isto, desde que ele queira defender as pessoas no seu tempo livre, Willi — Eldridge bufou. — Meu primogênito será arquiteto como eu.
Agora o resmungo saiu da boca de William.
— Não consegue ver o potencial do seu filho, Baltashar? Esse garoto nasceu para ser advogado.
Ambos estavam apoiados no marco da janela alta e elegante da luxuosa mansão de Wagner, cuja vista dava direto para o mar onde as crianças estavam brincando e rindo como sempre faziam.
— Temos bons filhos — comentou Eldridge sorrindo satisfeito e depois tomou um gole do seu uísque.
— Nós os estamos criando bem, homem. Como deve ser. Sua mulher e a minha são as melhores em estabelecer a ordem — Wagner fez uma pausa, olhando risonho para sua filha. — Porque confesso que sou um idiota na frente de Bridget. Ela é a luz dos meus olhos.
— E eu o compreendo — assegurou Baltashar. — Minha pequena Alex não me vê como os dois rufiões que não fazem mais nada além de discutir entre eles.
Houve um silêncio e Baltashar voltou a falar.
— Como está Mary Joe depois da última perda que vocês tiveram?
Wagner abaixou a cabeça e foi quando ele foi se sentar na cadeira de couro atrás da sua mesa imponente de madeira maciça.
Baltashar o seguiu e sentou-se na cadeira na frente da mesa.
— O que está acontecendo, Willi? — Baltashar começava a inquietar-se.
— Mary Joe e eu não poderemos voltar a ter filhos porque poderíamos colocar sua saúde em perigo. A última perda por pouco nos fez perder Mary e… — William não conseguiu continuar porque as lembranças causaram um nó na sua garganta. Baltashar não queria interrompê-lo, embora fosse repreendê-lo por não ter contado a história inteira —, não houve tempo para decidir. Tiveram de remover seu útero porque não parava de sangrar. Eu lhe digo — olhou para ele com espanto —, por pouco ela não nos deixa.
Baltashar esfregou o rosto com as mãos.
— Como que você me conta isto só agora? Imagina-se que os amigos são para isto, para nos apoiar em um momento como esse que você viveu.
— Sinto muito, eu sei. Na época não tinha cabeça para dizer nada a ninguém, Baltashar e depois, que diferença fazia. Dizer que tivemos uma perda era mais do que suficiente.
Baltashar encheu os copos de novo com a bebida.
— Felizmente, a chegada de María a esta casa foi uma benção. Mary e ela se dão muito bem juntas e acredito que tem sido a melhor terapia para minha mulher. O sangue latino parece uni-las e a verdade é que a alegria que irradia María é única. Até eu me sinto feliz quando ela está conosco.
Baltashar olhou com hesitação para ele.
— Jamais se atreva a pensar que eu poderia trair minha mulher. Você não me conhece? —William parecia ofendido. — É como se eu pensasse que você poderia fazer o mesmo.
— Nem se estivéssemos atravessando uma crise. Seria incapaz de trair minha querida Abie. E sei que você também não faria algo assim com Mary, só dizia isto para chateá-lo.
Ambos riram.
— Então, Mary Joe está bem emocionalmente e aceitou que não virá mais crianças?
— Sim. Já passamos pelo pior e felizmente tudo já foi superado, como eu lhe disse. Além disso, a filha de María, está se tornando a substituta deste filho que ambos queríamos e não conseguimos depois de Brie.
— Desde que isto não lhe cause um problema com governanta — Baltashar comentou, referindo-se a María.
William negou com a cabeça.
— Não, amigo, temos um limite. Sabemos que gostamos muito da menina e vamos tentar lhe dar tudo o que esteja ao nosso alcance para que seja uma mulher de bem como a nossa Brie. María é mãe solteira e teve uma vida cheia de problemas e maus tratos. Estamos cuidando da sua residência no país, a família com quem ela estava aqui nos Estados Unidos estava lhe dando um tratamento que não foi o que acordaram e, é claro, ela quer velar pela segurança da sua filha. Ela demonstrou ser uma boa pessoa. Só queremos o melhor para elas. Não pretendemos ocupar um lugar que não nos corresponde e María sabe disto. Também sabe, e compreende, todo o mal que minha mulher passou — Willi levantou os ombros. — Acredito que seja solidariedade maternal entre minha mulher e ela. A verdade é que a menina se deixa amar e é muito bem-educada.
— Eu vi. Ela continua se dirigindo a mim como Sr. Eldridge e a minha mulher diz, Senhora Abie.
Ambos deram uma gargalhada.
— Alex diz que Elena às vezes a deixa nervosa — eles riram de novo. — O que me surpreende é que Elena não corra todas as vezes que minha Alex se aproxima dela.
— É que a sua Alex é a mais levada de todos.
Baltashar sorriu com muito orgulho.
— Sim, ela é.
— Vamos ver se quando ela for adolescente você vai continuar sorrindo assim.
— Bem, homem, não me arruíne o momento — Baltashar tomou outro gole da sua bebida. — Que seja, com certeza continuarei tendo muito orgulho dela embora ela me deixe louco com seu gênio.
— Deixemos de pensar no futuro e vamos aproveitar o presente. Vamos até a praia com as mulheres e as crianças que o dia está ideal para fazer um bom churrasco à beira mar.
Eles se levantaram e caminharam até a porta.
— Você ainda não me prometeu que vai enviar Calvin quando ele terminar a universidade.
— Para quê? Você quer que eu desenhe uma nova casa para você? — Baltashar deu um tapinha nas costas do seu amigo.
Ambos sorriram divertidos e saíram, a promessa estava lá embora Eldridge nunca a tenha pronunciado.
Ele também via o potencial do seu filho para ser advogado e se Calvin decidisse estudar Direito, Baltashar não hesitaria nem um instante em colocá-lo para trabalhar com William para que adquirisse experiência na melhor firma de advogados do país.
***
Calvin era feliz na sua casa com a família que lhe coube na vida.
Seu pai era seu herói e sua mãe, a mais sublime e delicada. Calvin sentia uma fraqueza em relação a sua mãe no que era bem correspondido.
Assim como Alex, sua irmãzinha a quem adorava, tinha uma fraqueza pelo seu pai no que era perfeitamente correspondida.
Sempre acreditou que quem não ficou bem com a divisão de carinho e preferências era seu irmão mais novo, Emerick, a quem não restou outra opção a não ser refugiar-se no amor que a boa tia Beth tinha reservado para ele.
Assim era a vida, cada um com o seu.
E na casa dos Eldridge tudo parecia estar em harmonia até que a traição de Baltashar Eldridge foi descoberta e quando isto aconteceu, tudo veio abaixo.
Calvin franziu o cenho lembrando da última cena que presenciou entre seus pais antes que uma reunião familiar fosse convocada para avisar o que estava acontecendo e as consequências que tudo isso traria.
Ele não era bobo. Sabia que o divórcio era iminente e conhecendo sua mãe, acabariam vivendo em um lugar bem longe do seu pai.
Viu a decepção e a raiva tão acentuadas nos olhos da sua mãe que sentiu vontade de dar um pontapé no traseiro do seu pai por ser idiota. Mas ele o respeitava muito apesar de ter enganado a todos.
Era seu pai e nada poderia mudar este fato. O respeito, que ele obteve durante os anos que estavam juntos, o fez compreender que um deslize não era o suficiente para odiá-lo como ele sabia que sua irmãzinha estaria fazendo neste exato momento.
Alex não estava lidando muito bem com este episódio que, de uma maneira ou de outra, afetaria a vida de todos.
Para que seus pais pudessem resolver as coisas da melhor maneira possível e sem deixar que Alex presenciasse mais gritos entre eles, decidiram enviar Alex e Emerick para um acampamento em Yellowstone por trinta dias. Enquanto em casa eles resolviam a questão do divórcio.
Para Calvin, esta decisão lhe pareceu a mais lógica e fez uma tentativa de intermediar entre seu pai e sua mãe para resolver as coisas. Sua mãe, que não estava controlando muito bem suas emoções, disse:
«Não banque o advogado nisto, Calvin Eldridge. Isto é maior do que você e você não pode fazer nada a respeito. Na verdade, ninguém pode fazer nada. Quero você o mais longe possível desta casa»
Calvin se opunha aos desejos da sua mãe embora soubesse que nada era impossível para Abie Eldridge quando ela colocava algo na cabeça e assim ela o arrastou até o avião em que todos seus amigos do ensino médio estavam partindo para Los Angeles para a tão esperada viagem de final de escola.
O voo foi demorado. Felizmente não foi chato porque estava sentado ao lado do seu bom amigo Micah e eles estiveram fazendo planos para se divertirem assim que descessem do avião. Micah esteve muitas vezes com sua família em Los Angeles porque seu pai tinha negócios que cuidar ali. Ele conhecia muito bem os lugares para se divertir embora também soubesse que seu significado de «diversão» não era o mesmo de Calvin.
Alguns adultos, pais e professores das crianças, os acompanhavam. Não para estragar a viagem, mas para garantir que ninguém cruzasse os limites estabelecidos antes de sair de Houston.
Micah insistia em vender a ideia para Calvin que seria muito fácil para eles escaparem da vista dos adultos e fazerem um passeio pela cidade. Por um momento, Calvin se deixou levar pelo que ele considerava uma «irresponsabilidade» aceitando as ofertas do seu amigo.
Pela primeira vez na sua vida em que agiria de maneira irresponsável, ninguém iria repreendê-lo.
Escaparia com seu melhor amigo, iriam em busca de garotas bonitas e passariam uma boa noite.
Ele faria isto.
***
— Elena, querida, não se esqueça de levar Scooby para passear — María lembrou sua filha com um tom de exaustão na sua voz. Não compreendia como sua filha não se cansava de ouvi-la repetir as coisas várias vezes.
Elena olhou para sua mãe com diversão enquanto soprava as unhas recém-pintadas.
— Sim, mãe, eu disse que faria isto assim que as minhas unhas sequem.
María agachou-se e deu um beijo na sua pequena. Ela sorriu. Sempre a veria como uma menininha embora já fosse uma adolescente.
— Por que você não se senta um pouco e relaxa? — sugeriu Elena preocupada vendo como sua mamãe começava a balançar uma perna pela dor nas costas que, certamente, estava sobrecarregando-a. — As hérnias são perigosas, mamãe e você não quer obedecer, o médico lhe disse. Você está o dia inteiro subindo e descendo as escadas e eu vi você fazendo coisas que as garotas deveriam fazer para você.
— Quero que tudo esteja em ordem para quando a família chegar, Elena. É o meu trabalho.
— Eu sei, mamãe. Mas os baldes de água são trabalho da Felicia e você só precisa dar ordens. Você vai ver quando Mary Joe chegar e ver você assim. Ela vai ficar furiosa.
— Chega de sermões que eu sei o que faço. Vá passear com Scooby.
Elena revirou os olhos para o céu e deu um beijo na sua mãe.
— Vou ficar um bom tempo na praia lendo e aproveitando o mar.
— Não volte tarde que não gosto que você fique sozinha lá.
— Eu prometo. Além disso, vou com meu Scooby, mamãe. Não vai acontecer nada comigo.
O Golden Retriever aproximou-se dela e lambeu seu rosto enquanto abanava o rabo descontroladamente.
Sabia que era a hora de dar um bom passeio.
Elena prendeu a guia no cachorro e saiu de casa.
Caminharia por um tempo até chegar na praia onde se instalaria para ler com Scooby aos seus pés. Era o lugar perfeito para isto embora a praia estivesse um pouco cheia por causa da estação.
Não importava.
Fez o percurso pelo Santa Mônica Boulevard, gostava de caminhar por esta rua. Não era a primeira vez que estava em Los Angeles já que este tinha sido o destino dos últimos três verões.
Os Wagner, a família para a qual sua mãe trabalhava há muitos anos como governanta, costumavam fazer viagens em família durante o verão. Sempre se ofereciam para levá-las com eles e sua mãe se recusava dizendo que já era suficiente tudo o que faziam por elas diariamente e que elas ficariam à vontade na casa de Los Angeles aguardando para quando eles decidissem ir porque a família Wagner encerrava suas viagens de verão desfrutando da sua casa luxuosa em Los Angeles.
Para Elena estava bem embora ela preferisse passar todos os verões ao lado de Brie a quem considerava uma irmã.
Embora Bridget fosse dois anos mais velha do que Elena, as garotas se divertiam muito juntas e seus gostos eram quase os mesmos. Embora ultimamente Elena ficasse muito incomodada quando falavam sobre as universidades que Bridget gostaria de ir quando terminasse o ensino médio.
Para isto ainda faltavam dois anos.
Não gostava nem um pouco da ideia que teriam de se separar. Tinha medo de pensar que sua melhor amiga pudesse esquecer-se dela quando encontrasse novos amigos e um namorado e começasse a viver coisas que ainda faltava muito tempo para Elena viver.
Sua mãe costumava lhe assegurar que isto não aconteceria entre Bridget e ela porque ela as considerava muito unidas para que no futuro pudessem se distanciar. Mas Elena continuava sentindo esta estranha inquietação dentro dela. Tomara que estivesse equivocada.
Encontrou um bom lugar na praia para se deitar para ler após brincar um bom tempo com Scooby.
Este maldito cachorro parecia ter uma energia inesgotável.
Ela sentou-se na areia e tirou o livro da bolsa que carregava.
Lamentou não ter também seu walkman à mão.
Suas duas grandes paixões eram a música e a leitura. Sua mãe incutiu nela o amor pela música. Sentir cada vibração e deixar que essas vibrações fossem o guia do movimento para o corpo.
Sentir o ritmo.
«Sinta, Elenita» foi o que sua mãe repetiu até a exaustão no ano anterior quando lhe ensinou a dançar a salsa.
Sua mãe dançava o tempo todo e com qualquer música. Era algo normal encontrá-la na cozinha com o rádio em um volume que não era normal e dançando sozinha ou com qualquer coisa que tivesse nas mãos.
Elena sorriu com suas lembranças.
Seu olhar se perdeu no mar, ao longe e permitiu-se recordar como se divertiram naqueles dias em que sua mãe se empenhou a ensinar a dançar salsa aos Wagner, a ela e a Roman que sempre estava em casa brincando com as garotas.
Aquilo foi um caos porque o senhor Wagner e Bridget deixaram evidente que não seriam capazes de sentir nem as vibrações de um terremoto. Eles faziam o que tinham vontade e Elena via como sua mãe ia lentamente perdendo as esperanças.
No final, ela os deixou livres. María ria e parecia satisfeita embora o senhor Wagner e Bridget não fossem bons alunos. Dizia que pelo menos estavam rindo e que isto era o importante na dança. Rir e aproveitar estes pequenos instantes de felicidade.
Mary Joe, a mãe de Bridget, era uma dançarina nata. No entanto, dançar salsa também não era seu forte embora estivesse claro que ela sentia as vibrações. O dela era o tango. Vê-la dançar era excitante para Elena porque Mary Joe se movia com tal graça e elegância que parecia flutuar no ar.
E no final, aqueles que aprenderam a dançar a perfeição foram Elena e Roman, algo que realmente não surpreendeu María porque sua Elena, desde pequena, dava sinais de sentir a música dentro de si e Roman tinha nascido para a música. Não apenas movia seu corpo ao ritmo da melodia que soava, mas além disso era um gênio com os instrumentos.
Elena suspirou de novo pensando no futuro.
Roman faria todo o possível para ir para a Julliard em Nova York e seria o primeiro a deixá-las.
Um golpe seco a fez a reagir bem a tempo.
Uma bola de vôlei estava prestes a bater na sua cabeça. Felizmente, ela foi bastante rápida ao levantar o braço com o punho fechado e enviar a bola em outra direção.
Como esperado, a bola saiu em disparada e atrás dela, Scooby.
— Scooby! Venha aqui! Agora mesmo! — Elena corria atrás do cachorro que já estava mergulhando no mar para pegar a bola. — Maldito cachorro!
Elena estava prestes a entrar na água quando alguém a deteve.
— Meu amigo já está indo atrás dele, não se preocupe. Foi culpa nossa.
Elena sorriu com gentileza para o garoto.
— Obrigada.
— Vem, campeão, saía — Elena viu o outro garoto tirando, quase arrastando, o sem vergonha do Scooby que não tinha muito claro que nesta vida era um cachorro e não um golfinho.
— Quando mamãe te ver, você vai ver o que acontece — Scooby sacudiu a água e depois jogou-se na areia.
— Foi culpa nossa, sentimos muito, de verdade.
— Está tudo bem. As bolas e a água são suas fraquezas.
Todos riram e Scooby latiu.
— Obrigada por me poupar de entrar na água — Elena sorriu para o garoto que estava encharcado. Ela sentiu-se como uma boba quando olhou nos seus olhos. — Vamos para casa, Scooby, vamos ver se temos tempo para limpá-lo antes que mamãe veja como você ficou.
Scooby se levantou.
— Obrigada de novo e tchau.
— Você já precisa ir? Quer que nós a acompanhemos?
Elena teria dito que sim só porque sentia-se muito atraída por um deles e teria sido uma estupidez e uma irresponsabilidade da sua parte. Além disso, já podia ouvir sua mãe dizendo «Filha! Não lhe disse que é muito perigoso andar com estranhos?»
— Eu deveria ir e não é necessário que vocês me acompanhem. De qualquer maneira, obrigada.
O garoto que saiu da água olhava para ela com um sorriso no rosto.
— Nós te convidamos para tomar um sorvete — ele disse. — Entrei na água para resgatar seu cachorro, você me deve.
Elena teve um debate interno por alguns segundos. O que poderia acontecer? Ela se sentaria em algum lugar público, tomaria um sorvete e depois voltaria para casa.
«Filha! Não cometa nenhuma besteira» a voz da sua mãe retumbou na sua cabeça de novo.
Era melhor ouvir o conselho da Sra. María assim não teria de ouvi-la dizer mil vezes: «Eu te disse» e era isto que realmente odiava.
— Não, sinto muito, rapazes. Obrigada pelo convite e por resgatar Scooby.
Levantou a mão para dizer adeus e sinalizou para que o cachorro a seguisse.
O que o animal fez.
Após pegar sua bolsa e colocar a guia de novo no cachorro, ela sentiu curiosidade pelo garoto e quis vê-lo mais uma vez antes de ir embora.
Seus olhos caíram diretamente nos dele. Ambos sorriram e despediram-se de novo com as mãos.
Elena sentiu o coração bater muito forte.
O que estava acontecendo com ela?
O nervosismo a atacou por causa daquele acúmulo de emoções que estava experimentando. Sentiu necessidade de chegar em casa o mais rápido possível para refugiar-se no seu quarto e tentar compreender que diabos estava acontecendo com ela.
Começou a acelerar seu passo; de repente estava correndo, sentindo que tinha tanta adrenalina que era capaz de correr e correr durante horas.
Scooby já estava exausto e ela ainda precisava de mais.
Contornou a casa e foi direto para o quintal. Precisava limpar Scooby antes que sua mãe o visse.
— Se María vê o estado deste cachorro, ela te manda ir dormir na casinha de cachorro com ele — Elena reagiu de imediato diante da voz e virou-se para correr para os braços do seu querido Roman.
— Você está aqui! Se você estava de castigo e …
— Bah! Você já sabe como a avó é com esta coisa dos castigos. Na verdade, escapei por pouco — ele sorriu. – Precisamos vir supervisar alguns dos seus negócios aqui e como você vê, ela ligou para William para saber se podíamos ficar com vocês por alguns dias — Roman olhou com preocupação para ela. — O que está acontecendo Elena?
— Nada! — Elena sentiu sua voz estranha e então notou que não parava de olhar ao seu redor de maneira nervosa e tinha a respiração entrecortada. Scooby foi beber água no lago que ficava perto do jardim. — Scooby, não!
— Deixe-o! — Roman a segurou pelo braço. — Ele está exausto, de onde vocês vinham correndo?
— Do cais.
Roman arregalou os olhos com surpresa e cruzou os braços.
— O que aconteceu?
— Nada, Roman, sério. Vamos dar banho no Scooby, por favor.
Roman ficou onde estava.
— Alguém tentou machucá-la?
Elena deu uma gargalhada.
— Não! Pelo amor de Deus! Que bobagens você diz. Não aconteceu nada, só queria correr.
— Você? A pessoa mais preguiçosa que já conheci na vida.
— Talvez eu esteja mudando.
Roman olhou com desconfiança para ela e depois sorriu com doçura.
— Eu teria percebido se você estivesse mudando — ele segurou sua mão. — E nunca mude, Elena, porque você é mágica assim como é.
— Ah, Roman, pobres das garotas para quem você diz isto — Elena balançou a cabeça. Roman era um Don Juan desde que ela o conhecia. Sabia como ganhar as garotas embora sempre tratasse a ela e Brie de maneira especial. Elas eram muito importantes para ele. — Vamos, que minha mãe está prestes a nos descobrir, eu pressinto isto.
***
Dois dias se passaram do encontro entre Calvin e a garota do cachorro.
— Irmão, sério, para de pensar nesta garota. Ontem à noite você perdeu a oportunidade da sua vida por não participar da festa que eu te convidei.
— E porque eu não fui, estamos livres dos castigos hoje — ele lançou um guardanapo transformado em bola no seu amigo. — Micah, por pouco descobrem você. Se eu tivesse ido com você, ninguém teria aberto a porta à noite quando a mãe de Malia veio ver se estávamos bem.
— Esta mulher é um pesadelo.
— Como a filha, mas você precisa compreender que somos responsabilidade deles.
— Pfff. Cal, você realmente está no caminho certo para ser advogado. Você é muito correto, ainda me pergunto como você se atreveu a dizer para a garota do cachorro que a convidava para tomar sorvete.
— Porque ser correto não me torna idiota, imbecil.
— Ainda continua pensando nela, não? — Micah olhou ao seu redor. A piscina estava a transbordar e a verdade era que ele tinha vontade de ir à praia. — Há um grupo que vai à praia hoje. Nós nos inscrevemos?
— Sim, para as duas coisas.
Micah balançou a cabeça sorrindo.
— Era bonita. Não se pode negar.
— Era perfeita, tanto que se não fosse porque você a viu, começaria a pensar que tinha sonhado com ela.
Micah deu uma gargalhada.
— Não seja exagerado.
— Você não tem mais nada para fazer, Micah?
O interpelado arregalou os olhos com surpresa.
— Ok, creio que é o momento de relaxar e para isto, vou deixá-lo sozinho. O grupo sai em meia hora para a praia.
— Nós nos vemos lá.
Calvin ficou na piscina mais um pouco e depois foi ao ponto de encontro.
Quem era esta garota?
Desde que ele a viu não conseguia parar de pensar nela e queria encontrar com ela de novo. Sabia que estava beirando a loucura porque seu comportamento estava sendo irracional, mas queria conhecê-la, falar com ela, saber como se chamava, beijá-la…
Balançou a cabeça querendo afastar aqueles pensamentos que já faziam com que ele parecesse um psicopata e tentou, a todo custo, manter a garota afastada dos seus pensamentos pelo resto do dia.
Estava sendo obsessivo, ele sabia.
Caminhou pela praia várias vezes e ficou no local em que a viu recolher suas coisas. Tinha a esperança de que ela voltasse.
Por que ela não voltava?
E se aquele tivesse sido o seu último dia de férias?
Ele levantou uma pedra e arremessou na areia.
— Ernest acaba de me dizer que seu primo vai dar uma festa na sua casa. Fica perto do hotel e vai ter muita cerveja e garotas. Só nós sabemos. Não contou para mais ninguém porque não quer que nos peguem.
— Eu não vou.
— Vamos, Calvin, pare de se comportar como um velho. Por Deus, vamos nos divertir como dissemos no avião que faríamos.
Calvin ficou em silêncio por alguns minutos.
Seu amigo tinha razão. Tinham que se divertir e ele estava se deixando consumir pelo pensamento de uma garota sobre a qual ele não sabia nada.
Ia perder suas férias assim?
Não.
De qualquer maneira, queria encontrá-la.
«Com mil diabos, Calvin! Pare de pensar nela e localize-se na sua realidade» ele pensou.
— Ok. Nós vamos. Se você nos mete em problemas…
— Não vamos nos meter em problemas, eu prometo.
***
— O que vocês estão fazendo? — María se aproximou de Roman e Elena com duas limonadas. Eles estavam sentados no jardim da propriedade sob uma árvore frondosa que proporcionava uma boa sombra.
— Obrigado, María, isto é o melhor para atacar o calor do verão e somente uma especialista como você sabe prepará-la.
María deu uma gargalhada.
— Obrigada, mamãe — Elena também sorriu.
— O que você quer de mim, Roman?
— É além disso é sábia, mulher.
María ruborizou. O charme de Roman não tinha limites nem respeito.
— Preciso sair hoje à noite para uma festa, me convidaram para mixar com o Dj.
— Liga para sua avó e que ela me autorize.
Roman olhou nos seus olhos com súplica.
— Não, María, você sabe que ela é contra os Djs. Prometo que só vou provar a Coca-Cola e estarei de volta quando você disser — ele olhou para Elena com cumplicidade. — Além disso, se você se sentir mais tranquila, poderia levar Elenita comigo.
— Oh, não! Nem pensar, jovenzinho. Vocês não têm idade suficiente para isto. Nem você para cuidar dela nem ela para ir a estas festas.
—Vamos, María, por favor.
Roman recorreu aos olhos cândidos que nenhuma mulher conseguia resistir.
— Eu disse que não, Roman. Não quero problemas nem com sua avó nem com Mary Joe. Nenhum dos dois vai sair daqui hoje à noite.
Roman enfatizou os olhos cândidos.
Elena começava a se sentir orgulhosa da sua mãe por não ceder.
— Quando terminarem, levem estes copos para a cozinha e lavem. Entendido?
— María, por favor, diz que sim.
— Não.
Elena agora dava gargalhadas.
Roman a seguiu até a casa e Elena seguia os dois.
Quando chegaram na cozinha, Roman ligou o reprodutor de música que havia naquela área e colocou a canção que María mais gostava.
A salsa começou a tocar e María deixou-se levar pela música como sempre fazia.
Roman aproveitou a oportunidade e a tirou para dançar. Elena sentou-se em uma cadeira e os observava. Como a vida da sua mãe teria sido diferente se ela tivesse tido uma oportunidade como a que Roman teria de ir estudar na Julliard. Sua mãe teria triunfado, tinha certeza.
Eles dançaram mais duas canções, Roman se movia com tal agilidade que parecia ter o sentimento latino nas suas veias. De repente, soltou María e foi até Elena, que pegou sua mão com prazer e deixou-se guiar por ele. Dançaram mais um pouco, a testa do garoto começava a brilhar com o suor.
— Vê quão bem fazemos isto?
— Vocês são ótimos na dança — María olhava para eles com olhos maternais.
— Você vai dizer que sim? — Roman piscou um olho para María e ela negou com a cabeça. — Que mulher difícil você é, venha — ele soltou Elena e pegou novamente María para que ela dançasse um pouco mais.
Quando acabou a canção, María bufou de cansaço e felicidade.
— Vamos descansar que minhas costas estão doendo hoje.
Roman desanimou.
María sentiu compaixão por ele. Ele adorava fazer mixagens e as festas; sua avó, por outro lado, queria que Roman se dedicasse à música clássica, como um passatempo, é claro. Ela esperava que Roman alcançasse a maturidade para que pudesse cuidar de todos os negócios da família, coisa que não aconteceria e María sabia disto há muito tempo. Roman deu seu motivo há alguns meses quando ameaçou sua avó com sair de casa assim que completasse a maioridade se não permitisse que ele ingressasse na Julliard. E estava disposto a fazê-lo embora isso a deixasse devastada porque se ele fosse embora assim, sabia que não voltaria e estaria renunciando a toda uma herança familiar que pouco lhe importava.
María suspirou e olhou nos seus olhos.
— Se vocês não estão aqui a meia-noite sãos e sóbrios, prometo que vou dedicar minha vida a tornar a sua um inferno. Tenho como fazer isto — ela sentenciou. — Está claro?
— Como água — Roman beijou seu rosto. — Você é a melhor.
Depois ela virou-se para sua filha.
— Não faça nenhuma estupidez e não se separe dele. Confio em você, não faça com que eu me arrependa — Elena a abraçou com muita força.
— Não farei isto, mamãe, obrigada. Vou me arrumar.
***
Elena não conseguia acreditar a sorte que teve que sua mãe a deixasse sair de casa com Roman para uma festa para garotos que eram mais velhos para ela. Ela colocou um jeans, seus tênis brancos combinando com uma camiseta de algodão e uma jaqueta de couro preto. Apenas passou um brilho nos lábios e encontrou-se com Roman na porta.
María a acompanhava.
Ela deu o sinal verde para sua pequena e após dar um beijo em cada um, deixou que eles saíssem, esclarecendo que ficaria acordada até que eles voltassem.
— Ainda não sei como você conseguiu.
— Tenho meus encantos, garota, você dúvida?
Elena deu uma gargalhada.
— E além disse, tive de deixar o endereço da casa. Ela me fez jurar que não tiraria os olhos de você. Se você quer que sua mãe nos permita sair de novo, é melhor que você não faça nenhuma bobagem hoje. Não quero problemas com ela.
— Problemas você teria com sua avó.
— Sua mãe me preocupa mais. Tenho medo dela.
Ambos riram.
O táxi estacionou em frente a propriedade de onde saía o murmúrio das pessoas que estavam no seu interior. A música retumbava no espaço.
Roman pegou a mão de Elena e eles entraram na casa.
Elena estava acostumada a ver casa luxuosas como esta. Vivia em uma.
Esta pareceu diferente. Minimalista e muito moderna.
Ela gostou.
A casa estava cheia de garotos e garotas dançando, conversando, bebendo, entre outras coisas porque também havia alguns se beijando sem nenhum pudor e outros fazendo idiotices dessas que o álcool te obriga a fazer para se destacar dos demais como «divertido».
Roman os observava com tédio. Todas as festas eram iguais. Participava pelo puro prazer de se opor ao mundo e se comportar como um garoto rebelde. Além disso, sempre encontrava uma garota bonita com a qual satisfazer suas necessidades. Esta noite seria um pouco complicado pensar em prazer com uma garota porque estava com Elena e não podia deixá-la sozinha. Nem pensar.
Eles foram até a cozinha da casa.
— E seu amigo? O dono da casa, digo — comentou Elena.
Roman olhou com um sorriso para ela.
— Deve estar por aí em algum lugar. Logo vamos encontrá-lo. Cerveja?
— Não e você também não vai beber.
— Estava brincando — Roman serviu dois copos com Coca-Cola e deu um para Elena. Ele olhou ao seu redor e localizou as pessoas que conhecia. O que mais importava para ele naquele momento era o Dj. — Vamos ver se me deixam cuidar da música um pouco.
Pareceu uma boa ideia para Elena. Foi então quando seu olhar caiu direto no olhar do garoto da praia.
Ele estava no quintal, a uma boa distância deles. Ele dava gargalhadas no grupo de garotos em que se encontrava.
Quando viu Elena, seu olhar pareceu ganhar um brilho especial que fez com que as pernas de Elena começassem a tremer.
— O que está acontecendo? — Roman parou e olhou nos seus olhos.
Ela negou com a cabeça e abaixou o olhar.
Quando levantou a cabeça de novo, percebeu que o garoto a cumprimentava com a mão enquanto caminhava até eles.
Elena sentiu pânico que o garoto terminasse de se aproximar dela enquanto ela estava ao lado de Roman.
— Quero sair? — Roman começava a se preocupar. — Sinto muito, Roman. Não suporto estar com tantas pessoas ao redor.
Roman a seguiu entre as pessoas para não perdê-la de vista. Quando estavam fora da casa, Elena continuou caminhando em direção à rua.
Roman correu e a segurou pelo braço, obrigando-a a virar-se.
— Você vai me dizer agora mesmo que diabos está acontecendo, Elena Guzmán.
Odiava quando Roman se colocava no papel de «irmão protetor».
Ela cruzou os braços e levantou a cabeça no momento exato em que viu o garoto da praia se aproximar da porta da casa para procurá-la.
Ela empurrou Roman para se esconder entre os arbustos que ficavam no início da propriedade.
— Shhh — Roman olhava com irritação para ela.
Esperaram um pouco e como não aconteceu nada, Elena relaxou.
— Estou esperando sua explicação para isto — Roman apontou para o esconderijo.
Ela começou a dar gargalhadas. Não conseguia controlar seu nervosismo.
— Elena, você está me preocupando de verdade.
— Posso ficar aqui até que você queira voltar para casa?
— Nem pensar.
— Por favor, Roman.
Então, Roman compreendeu tudo após ver seu olhar de ilusão e nervosismo.
Ele também deu um grande sorriso.
— Você gosta de um garoto que está aí dentro?
Ela assentiu e desviou o olhar. Não gostava de se sentir exposta.
— Elena, por Deus, você correu como se tivesse visto algo ruim.
— Não sei como enfrentar isto, «senhor conquistador». Nunca havia gostado de um garoto antes.
Ele sorriu de novo e a abraçou.
— Posso ajudá-la a conhecê-lo.
— Nem pensar — a voz dela tremeu ligeiramente. — Por favor. Vou esperá-lo aqui.
Roman suspirou, não parecia uma boa ideia, mas não queria ir embora tão cedo.
Ele olhou para a varanda da casa.
— Você vai esperar nas cadeiras da entrada. Ou na escada. Aqui não. Está muito escuro e solitário.
Ela bufou.
— É a minha última oferta.
Elena aceitou. Era melhor isso do que entrar de novo.
Caminharam em silêncio um ao lado do outro até chegar à escada que dava acesso à porta principal da propriedade.
Roman olhou para ela com determinação.
— É só um garoto, Elena.
— É o primeiro garoto que eu gosto, Roman, não é apenas um garoto.
Roman revirou os olhos para o céu e sorriu divertido.
— Mulheres. Virei daqui a pouco para ver como você está.
Ela assentiu e sentou-se na escada.
Ouviu Roman cumprimentar algumas pessoas assim que entrou na casa e depois sua voz foi se perdendo entre o burburinho e a música.
Ela olhou o relógio que usava no pulso. Era quase dez horas da noite.
Afinal de contas, não seria tanto tempo que ela teria de esperar sentada ali.
A noite estava fria para ser verão e o céu claro.
As pessoas saíam e entravam constantemente. Alguns olhavam para ela sentada ali e evitavam tropeçar nela; outros, saíam em tal estado de embriaguez que tropeçavam com qualquer coisa, incluindo ela.
— Eu disse que você não poderia beber assim, Micah. Vamos para o hotel.
Elena sentiu quando desciam a escada ao seu lado e se afastou, aproximando-se do corrimão.
— Você encontrou a garota da praia? — Elena sentiu que seu interior congelava.
As pessoas começavam a descer a escada e as vozes se aproximavam dela.
— Pareceu-me vê-la, Micah. Creio que estou imaginando. Desce com cuidado que não quero cair por sua culpa.
Elena ficou completamente tensa. Era ele.
— Tenho vontade de vomitar, irmão.
— Maldição, Micah.
Elena estava paralisada pelo nervosismo. Queria sair correndo dali e ao mesmo tempo, ficar na frente do menino e se apresentar.
Ela gostava muito dele.
Como ela deveria agir naquele momento?
O tal Micah desceu correndo a escada, tropeçando nos degraus, caindo de joelhos e vomitando muito perto dela.
Elena por pouco vomita com ele entre o asco que a cena lhe provocou e do nervosismo que estava a dois segundos de ser vista pelo garoto que gostava.
— Micah, por Deus! Você quase vomitou em cima da garota. Sinto muito, meu amigo… — o garoto da praia ficou mudo ao vê-la.
E ela só conseguiu sentir seu coração batendo sem controle.
***
— Alguém poderia me ajudar? — Micah protestava desde o chão.
Calvin não podia — nem queria — parar de olhar para a menina porque tinha o pressentimento que a perderia de vista de novo e isto não era uma opção.
— Olá! — Micah ia pagar por isto no dia seguinte quando estivesse em plena ressaca.
Calvin estendeu a mão.
— O que você acha que vou fazer com isto idiota, não consigo me manter em pé? —Micah olhou para cima e percebeu que Calvin não olhava para ele. Voltou sua vista para onde estava dirigido o olhar do seu amigo. — Finalmente! A garota da praia! Você apareceu.
Calvin piscou algumas vezes e com um puxão, levantou seu amigo do chão.
— Não vá embora, por favor.
Elena teria gostado de dizer que suas pernas não respondiam para se levantar e fugir. O problema era que sua voz parecia ter desaparecido em segundos.
— Não me abandone, por elaaaaa — Micah não parava de dizer idiotices e estava prestes a irritar Calvin.
Elena observou que o garoto da praia estava envergonhado pelo comportamento do seu amigo.
— Desculpe-o, bebeu mais cerveja do que devia.
Elena sorriu e assentiu.
— Eu a convidaria para entrar e beber algo, mas não posso deixar o idiota sozinho.
Elena abaixou o olhar.
Ela sentia o tremor nas suas pernas e estava agarrada a sua bolsa como se sua vida dependesse disso.
Assim era se sentir atraída por um garoto? Deus Santo, isso era terrível.
Calvin olhava divertido para ela.
— Não nos apresentamos — ele estendeu a mão e neste momento, ouviu Micah balbuciar algumas coisas e vomitar de novo.
Será que suas pernas já funcionariam?
Ela tentou se levantar e conseguiu, esquecendo que estava sentada no penúltimo degrau. Quando deu um passo à frente, por pouco não caí de bruços no chão.
Agradeceu que o garoto da praia a interceptasse a tempo.
Ele era forte. E tinha um cheiro fresco.
Elena olhou diretamente nos seus olhos e sentiu que ardia de vergonha por dentro.
Calvin sorriu para ela e Elena sentiu uma lufada gelada percorrer seu corpo.
Micah soltou mais líquido do seu interior e um golpe interrompeu o encanto entre Calvin e Elena.
— E parece que não devemos nos apresentar — Elena comentou surpresa ao ouvir a sua própria voz sair da sua boca. — Você tem problemas — ela conseguiu dizer em um sussurro para o garoto da praia olhando na direção onde seu amigo se encontrava.
Tudo acabou quando viu Micah levar uma mão até a testa e deixá-la cheia de sangue.
— Com diabos, hoje eu te mato, eu garanto.
Elena deu um sorriso torto. Ela achou divertido o que acontecia. Parecia que começava a relaxar.
Seria o contato com ele que lhe produzia esta tranquilidade?
Ele a soltou.
— Sinto muito, tenho que ir … — ele começou a se afastar —, só nos restam dois dias aqui. Amanhã, fogueira na praia e depois de amanhã estaremos no cais. Você irá?
Ela sorriu, não sabia. Não sabia se sua mãe deixaria nem o que diria para poder ir, mas estava convencida de que tentaria.
— Vamos ver — ela sorriu para ele e levantou a mão em sinal de despedida.
Calvin a viu se despedir de longe e sentiu um nó no estômago porque não sabia se voltaria a vê-la. Ele levantou Micah, que realmente, tinha a testa quebrada e foi até a rua para parar um táxi.
Enfiou seu amigo aos empurrões no veículo. Quando estava sentado ao seu lado, fechou a porta e viu através da janela do carro que algumas pessoas saíam correndo da festa.
Ele conseguiu ver a garota da praia correr de mãos dadas com um garoto. Não estava sozinha? Quem era aquele idiota com ela?
Ele se virou e olhou para Micah com cara feia.
Sim, estava convencido que seu amigo iria pagar por tudo no dia seguinte.

Disponível:
Uma história de segredos, mentiras e traições colocam à prova um amor que parece frágil e perigoso, mas que, na verdade, é tão forte e tão puro que é capaz de superar todas as provas que o destino dita, demonstrando, portanto, que nada nem ninguém consegue separar duas pessoas que se amam de verdade.
Bridget Wagner e Roman Thompson descobriram o que é o amor em uma terna idade.
O coração de Bridget pertence somente a Roman desde que eram crianças. Mesmo quando seu relacionamento é interrompido quando adolescentes, levando-os a fazer suas vidas em separado, ela nunca deixou de amá-lo e ele sonha em tê-la em seus braços para toda a vida.
Quando finalmente acreditaram que o destino lhes dava uma segunda oportunidade, uma notícia inesperada faz com que os medos de Roman venham à tona fazendo com que ele retome velhos hábitos que mudarão o rumo do que parecia ser um relacionamento perfeito e, por sua vez, permitirá descobrir uma verdade muito importante sobre sua origem.
Sua vida mudará completamente enquanto Bridget decide que é melhor que eles sigam caminhos separados apesar de saber que nunca conseguirá arrancá-lo do seu coração menos ainda quando, por puro capricho da vida, estará unida a ele para sempre.
Roman foi até a janela do seu quarto quando viu Bridget no outro lado.
Ele abriu a janela e tentou ajudá-la a entrar.
A garota tinha os olhos e o nariz vermelhos.
Ele a abraçou com força enquanto ela soluçava no seu peito e deu-lhe um beijo doce e lento no alto da cabeça.
Ele suspirou.
Não queria ir embora de casa e as suas três mulheres não estavam facilitando as coisas para ele.
Naquele mesmo dia teve de consolar Elena que foi se refugiar na praia para soltar ali toda a tristeza que a dominava naquele momento.
Ele também suspeitava que as coisas mudariam um pouco, mas não precisava ser exagerado como elas estavam sendo.
Sua avó estava há três dias com os nervos à flor da pele e chorando todas as noites sozinha em seu quarto.
E agora Brie, que chorava desconsolada, agarrando-se a ele como nunca antes.
Esta despedida era a que seria mais difícil para ele. Nunca falava dos seus sentimentos e aprendeu a disfarçá-los muito bem. Graças a isto, conseguiu manter em segredo como estava apaixonado por Bridget.
Eles foram criados juntos e desde sempre se sentiu atraído por ela.
Ele acariciou seu rosto com suavidade. Deixou-se embriagar pelo cheiro enjoativo do seu xampu e a apertou mais.
Queria levar este cheiro e este momento na memória para sempre.
Ele morria de vontade de beijá-la e confessar o quanto a amava. Não queria arruinar aquela coisa tão maravilhosa que tinham sendo os melhores amigos do mundo. Se ela não o correspondesse ou se no futuro não conseguissem manter um relacionamento à distância, tudo acabaria e a magia da amizade desapareceria.
Ela olhou nos seus olhos.
Roman estava fazendo uma tentativa sobre-humana para não beijá-la.
Eles sustentaram o olhar por alguns segundos nos quais Roman descobriu que sua amiga o observava de maneira diferente.
Era possível que ela sentisse o mesmo que ele?
— Nunca falamos sobre isto… — Bridget falava com a voz entrecortada por causa do choro —, porque eu pensava que estava confundindo as coisas, hoje estou percebendo que …
A garota parou envergonhada e Roman podia sentir o nervosismo atacando seu estômago.
Ele levantou seu queixo com delicadeza e eles se olharam nos olhos de novo.
Roman se aproximou mais dela, deixando que sua boca agisse por conta própria.
A boca de Brie era uma delícia e respondeu de maneira harmoniosa ao seu contato. Ele adorou sua reação quando ela passou ambos os braços ao redor do seu pescoço e colou-se ainda mais nele.
Então, Roman deixou uma mão na parte inferior das suas costas e a outra emaranhou no bonito cabelo loiro que a garota tinha.
Eles se beijaram por muito tempo e decidiram parar quando as coisas começaram a ficar mais intensas.
Roman continuava agindo com cautela. Ele pressionou a testa na da menina e deu um beijo em cada bochecha. Seus lábios ficaram úmidos pelas suas lágrimas que continuavam a transbordar dos seus doces olhos.
— Shhh — ele a abraçou com força. — Não quero que você chore mais, Brie, por favor. Não suporto vê-la chorar e ainda mais quando sei que é por minha culpa.
Ele sentiu que ela sorria.
— Como chegamos a isto? — ela perguntou, olhando nos seus olhos.
Roman a conduziu até a cama onde eles se deitaram de frente um para o outro.
— Eu te amo já faz muito tempo — ele disse acariciando seu rosto.
— Nunca pensei que me sentiria tão mal por viver longe de você — Bridget fechou os olhos tentando acalmar a necessidade de chorar de novo —, é que quando penso que vamos ficar separados sinto que o ar me falta, como se estivessem arrancando algo do meu peito.
— Tudo vai ficar bem — ele assegurou com a voz firme, embora fingisse. Não sabia o que encontraria em Nova York, mas se recusava a fazer sua loira bonita sofrer. — Vou ligar para você sempre que possível e lhe escreverei uma carta diária. Você acredita que pode me escrever uma carta por dia também?
Ela assentiu com um doce sorriso.
— Então faremos isto e sempre que possível, voltarei para casa porque sei que você estará me esperando.
— E se eu sou admitida no próximo ano em Georgetown?
— Pois então, irei onde você estiver, querida.
— E se você encontra uma garota bonita em Nova York?
Ele olhou para ela com diversão e ternura. Ele deu um sorriso torto.
— Agora que sei quais são os seus sentimentos por mim, não existirá garota mais bonita do que você. Nenhuma me importará como você.
— Elena vai ficar com ciúmes.
— Por Deus, Brie! Elena? — Ele deu uma gargalhada. — Que bobagem! Se ela está apaixonada pelo garoto da praia.
— Coitada, nem sabe como ele se chama.
— Eu sei. Estava com ela naquele verão, lembra?
Brie assentiu.
— Você vai sentir saudades de mim?
— Vou sentir saudades sua a cada minuto.
Ele se aproximou da loira e seu olhar passeou entre os olhos de azul intenso e a boca da garota. Era carnuda, suave, sensual, deliciosa; e o interior era úmido, quente e ele gostava da maneira como ela o beijava. Devagar, com ternura, equilibrada assim como ela era.
Sabia que estava se tornando seu primeiro beijo e queria ser seu primeiro homem. Não seria hoje à noite. Não seria justo para ela.
Ele esperaria, iria para a universidade com a lembrança dos seus beijos e o sabor dos seus lábios. Isso faria com que ele voltasse para casa logo para continuar conquistando-a e afiançando este amor que hoje estavam confessando.
***
Os primeiros meses passaram com rapidez. Brie mergulhada no seu último ano de ensino médio, dedicada a se candidatar às universidades que selecionou, sendo Georgetown sua primeira, e quase «única», opção porque lutaria com todo seu ser para entrar ali. Sonhava em estudar nesta renomada universidade, além disso adorava a capital do país desde que a visitou pela primeira vez com seus pais há alguns anos.
É claro, Roman não estava menos ocupado do que ela. Julliard tornou-se sua obsessão desde que tinha uso da razão e quando pisou na instituição, conseguiu estabelecer metas que fizeram dele um aluno brilhante. Não conseguiu fazer amizades com os outros alunos porque estava muito concentrado pois queria ser o melhor e além disso, porque não sentia interesse em sair ou se divertir se não tinha Brie ao seu lado.
Algo que um dos professores, Cole Walker, notou de imediato no garoto e interessou-se em saber por que o garoto era tão reservado. Foi a primeira de muitas conversas que mantiveram porque o professor Walker tornou-se mentor e bom amigo de Roman.
Tanto Bridget como Roman cumpriram a promessa de ligar e escrever um para o outro diariamente. Para Roman era uma terapia escrever para sua garota tudo o que vivia na universidade.
Para ela também era reconfortante poder contar seus avanços nos estudos e além disso, contar como estavam as coisas em casa.
Nos dias de folga relativos ao dia de Ação de Graças, Roman voltou para casa para celebrar este dia importante com sua avó, que era o único parente vivo que ele tinha.
Sua avó, Stella, contou que seus pais morreram em um acidente de trânsito quando ele era apenas um bebê e ela ficou tão devastada por perder sua filha que pouco falava sobre ela com Roman. Depois da morte do seu avô, Nathan Thompson, Stella se fechou mais em si mesma tornando-se uma mulher reservada em relação ao passado e demonstrando uma dor profunda no olhar quando Roman queria que ela contasse algo sobre sua mãe. Ele optou por não perguntar mais nada e resignar-se ao fato de nunca saber como tinha sido a mulher que lhe deu a vida. Apenas tinha uma ideia do seu físico graças à única foto que havia dela na sala de estar da casa.
Não queria que as lembranças torturassem mais sua avó que lutava todos os dias para cuidar dele e de toda a fortuna Thompson porque desde que enviuvou teve de assumir o lugar do seu marido nas empresas da família.
Admirava essa mulher com todo seu ser assim como a amava. Para ele, ela era sua mãe e alegrou-se quando se reencontrou com ela após estar tantos meses fora de casa.
Eles passaram o dia conversando e colocando em dia as novidades sobre Newport, o progresso das empresas da família — que pouco lhe importavam, mas mesmo assim prestava atenção à sua avó só para fazê-la feliz em relação a isso —; e ele contou para ela sobre sua vida na grande maçã.
— Eu me sinto à vontade.
— À vontade você deveria se sentir cuidando do seu patrimônio.
— Você está fazendo isso, avó e se você já não quer continuar fazendo isso, contrate alguém. Já falamos sobre isso e não vamos desperdiçar estes dias com aborrecimentos desnecessários.
Ela revirou os olhos para o céu.
— Não se pode com você — ela de um tapinha no seu rosto. — Você está lindíssimo. Brie vai enlouquecer quanto te ver.
Ele sorriu envergonhado e sua avó olhou para ele com olhos sonhadores.
— Não há nada que eu gostaria mais se você e essa garota formassem uma família. Vocês se amam.
— Não corra, avó. Primeiro temos de crescer, não estamos na sua época quando as pessoas se casavam aos doze anos porque aos vinte já se consideravam solteironas.
Ela deu uma gargalhada.
— Na época dos seus bisavós, talvez. Na minha, era aos dezesseis e com mais de vinte e cinco, você já estava fora de jogo.
Ambos riram.
— Fomos convidados para jantar na casa de Brie. Mary Joe não concebia a ideia de nós jantando aqui sozinhos no dia de Ação de Graças.
— Como o resto dos anos em que estivemos com eles.
— São pessoas boas. Não machuque Bridget.
— Não farei isso, avó. Eu a amo de verdade.
***
Durante o jantar tudo estava maravilhoso.
Roman sentiu-se feliz por poder estar de novo com Elena, Bridget e dançar com María, a mãe de Elena e a quem amava como uma mãe. Ele a respeitava como um filho deveria fazer. Era uma grande mulher que seguiu em frente com sua filha em um país onde nem falava bem o idiota; cozinhava como os deuses e Roman tinha uma fraqueza pelo seu tempero. Além disso, María alimentou sua paixão pela música desde que era pequeno. Sua avó insistia que praticasse os instrumentos clássicos só por diversão e María, escondida de Stella, ensinava-lhe o som da música caribenha descobrindo que Roman era um dançarino nato e sentia dentro de si qualquer melodia que soasse.
Ela ensinou os três a dançar. Até mesmo os pais de Brie, mas a única que se defendia mais ou menos era a mãe da loira, embora ela gostasse de um bom tango. Brie e seu pai não conseguiam compreender os sons. María costumava dizer que a música deveria ser sentida no interior do corpo, mas eles pareciam não sentir nada porque continuavam no seu próprio ritmo. Elena e Roman eram os únicos deste grupo que sentiam em cada fibra dos seus corpos o som daquela melodia e sabiam levá-la maravilhosamente com os pés.
Roman adorava dançar com María, até que a coitada já não aguentava mais. Principalmente quando tentava surrupiar um «sim» para algo que queriam e María se recusava. Como naquela vez em Los Angeles em que ele a convenceu dançando para que o deixasse ir a uma festa acompanhado de Elena.
A noite em que Elena confessou que gostava de um garoto.
Sorriu ao se lembrar disso. Tinha tantas lembranças construídas com elas que não imaginava a vida sem suas mulheres.
Brie e ele estavam sentados um na frente do outro durante o jantar.
Eles lançaram vários olhares furtivos um para o outro que aceleraram a pulsação de Brie e aumentaram a vontade que Roman tinha de beijá-la até o cansaço.
Ela estava linda naquela noite.
Ele a via como mulher e salivava com este pensamento. Teve de repreender-se várias vezes durante o jantar porque perdia o fio da conversa. Felizmente, não foi nos momentos que William Wagner, pai de Brie, fazia alguma pergunta em relação a sua carreira na Julliard.
William era um homem sério, advogado com uma grande reputação e fazia as perguntas em um tom tão particular que informava que não aprovava essa decisão de ser um simples músico. Assim como pensava sua avó.
Roman não se importava com o que William — ou sua avó — opinavam sobre sua carreira, mas quando olhava para Brie sentia um nó no estômago porque tinha um pressentimento de que quando soubessem que havia um romance entre eles, começariam os problemas.
Ela seria uma advogada como seu pai, administraria seu escritório de advocacia enquanto Roman estaria compondo música porque era isso que ele queria ser …um compositor.
Naquela noite detectou o primeiro problema que teriam. Enfrentar a família não seria nada fácil.
Balançou a cabeça querendo afastar aqueles pensamentos negativos que nem sabia se aconteceriam.
Depois da sobremesa, as crianças foram para a praia porque era uma tradição entre eles embora o clima já estivesse bastante frio.
Elena logo compreendeu que estava sobrando entre eles e decidiu ir cedo para a cama com a desculpa de se levantar cedo no dia seguinte e ajudar a mãe na cozinha.
Brie agradeceu-lhe com o olhar e Roman piscou para ela.
Quando finalmente ficaram sozinhos na frente da fogueira que Roman acendeu, ele convidou Brie para se deitar na coberta que ele levou para a ocasião e quando ficaram ali, um de frente para o outro, sob a luz da lua e com o som das ondas arrebentando na margem como música de fundo, Roman decidiu que seria a noite perfeita para ficarem juntos.
Ele tinha experiência com outras garotas no que dizia respeito a sexo. Mas nenhuma o fazia se sentir como Brie e sabia que aquele encontro íntimo seria especial para ambos.
Precisava torná-lo especial para ela e parecia que o momento dava motivo para esse encontro que tanto desejava com sua loira.
Ela olhava para ele com um brilho especial no olhar.
Como ele gostava dela e quanta saudade sentiu!
— Senti saudades de você — ele se aproximou dela. Deu-lhe um beijo doce e delicado no rosto. Ela fechou os olhos. — Precisava vê-la e tê-la assim — ele continuou distribuindo beijos delicados pelo rosto da garota à medida que expressava seus sentimentos. Ela só se deixou levar pelas deliciosas cócegas que estes beijos produziam. — Brie, você tem certeza?
Ela abriu os olhos que pareciam resplandecer de emoção e assentiu atraindo-o para ela para selar sua afirmação com um beijo que o deixou sem fôlego.
Seus instintos masculinos começaram a despertar de uma letargia que ele não tinha sentido antes porque costumava se meter com facilidade na cama das garotas que gostava, no entanto, desde a última vez que esteve com Brie no seu quarto e provou seus lábios pela primeira vez, sua mente parecia ter se centrado somente nela porque nenhuma outra mulher lhe parecia sensual como sua doce loira que agora permitia que ele explorasse seu corpo bonito.
Roman decidiu levá-la para casa porque a garota tremia. Suspeitava que era por causa do nervosismo que sentia diante do que experimentaria pela primeira vez; também suspeitava que a temperatura desta noite não a ajudava em nada para relaxar. No calor do seu quarto, no conforto da cama, tudo seria muito mais prazeroso para ela.
— Vamos para meu quarto.
Ela assentiu envergonhada e seu rosto ganhou um tom rosa que pareceu sublime para Roman. Ela era bonita. Ele a amava. E queria lhe mostrar o quanto a amava.
Roman subiu as escadas, como as pessoas normais costumavam subir para seus quartos, Brie trepou pela divisória do jardim que conectava com o quarto do garoto e entrou pela janela como sempre Elena e ela faziam quando Stella castigava Roman por algum motivo.
Ele esperava por ela sentado na cama, tinha tirado a camiseta assim que entrou e usava uma calça esportiva.
Ela o viu pela primeira vez como homem. Aqueles músculos não se pareciam em nada com o corpo de Roman pelo qual ela se apaixonou há alguns anos. Aquele Roman era comprido e esquálido. Este parecia esculpido por algum artista. Ela adorava tudo nele. Mas seus olhos escuros e profundos sempre foram a fraqueza de Brie.
E quando ele a via, como neste momento, quando ela se aproximava dele, Brie parecia como uma verdadeira deusa e não como a simples adolescente loira da escola.
Ele a levou para a cama e antes de permitir que ela ficasse confortável, se isso era possível nesta noite, ele tirou com delicadeza a camiseta e a calça que a garota usava.
Não poderia ser mais perfeita.
Ele a acariciou em todos os cantos possíveis e em meio as carícias terminou de despi-la como se fosse um presente frágil e delicado.
Exatamente o que ela era.
Brie mantinha os olhos fechados e se remexia excitada sob as carícias do garoto que amava. Pensava que morreria de vergonha ao ficar nua diante dele. Seu olhar estava tão carregado de desejo por ela e a admirava com tanta atenção que ela acreditava que era a reencarnação de Afrodite.
Ele foi um completo cavalheiro com ela. Ele a seduziu com delicadeza, com amor. Ele a levou ao clímax fazendo com que cada centímetro do seu corpo tremesse tantas vezes que Brie acreditou que, em determinado momento, desmaiaria de tanto prazer. Mas não, mal seu corpo se recuperava, começava a pedir por mais do que Roman lhe dava com habilidade e implorou para que ele nunca parasse.
A excitação de Roman estava enlouquecendo-o. Não sabia como diabos chegou até ali sem alcançar o clímax também.
Ele estava muito surpreso.
Brie o transformava por completo. Ele adorava vê-la convulsionar de prazer graças as suas carícias. Estava tão úmida, tão quente que não queria que aquela noite terminasse. Sentia que após essa entrega eles não poderiam mais se separar.
Quando entrar nela se transformou em uma urgência, ele se protegeu como era devido e sem deixar de olhar nos seus olhos, aproximou a boca para beijá-la com doçura.
— Você me deixa louco, querida — ele sussurrou no ouvido da menina.
Ela sorriu satisfeita.
Ele abriu suas pernas com delicadeza, acariciando a parte interna das suas coxas para deleitar-se de novo com seu centro; depois abriu caminho para dentro dela sem deixar de olhar nos seus olhos.
Brie sentiu como seu interior cedia à pressão exercida pela sua excitação. No começo doeu, não podia negar, depois ficou agradável e conseguiu relaxar enquanto ele lutava para se conter.
Ele não conseguiu. Ela estava tão fechada que a pressão na sua virilha fez com que ele explodisse como nunca antes.
Ele fez o melhor que pode para não se mexer além do devido enquanto alcançava o clímax porque sabia que isso poderia lhe causar dor.
— Você está bem?
Ela apenas assentiu com a cabeça e arqueou as costas, deixando servidos em bandeja seus seios firmes com os mamilos endurecido.
Roman brincou com eles sem sair de dentro da sua garota. Sentiu como em questão de minutos estava pronto para entrar em ação de novo.
A sensação dele brincando com seus mamilos enquanto friccionava no seu interior foi uma loucura prazerosa para ela e ela alcançou vários orgasmos.
Ao final da noite, adormeceram satisfeitos e sabendo que a partir daquele momento pertenceriam um ao outro para toda a vida.
***
A última despedida entre Brie e Roman foi muito pior que a primeira. Sentiam que a vida ia embora se não estavam juntos, mas deviam continuar com suas atividades e no Natal com certeza voltariam a se ver.
O que não aconteceu porque houve uma forte nevasca em Nova York que impediu que Roman saísse dali para chegar em casa a tempo da véspera de Natal.
Naquela época, ficar sem Brie começava a afetá-lo mais do que deveria e ele começou a sair para relaxar. Frequentava um bar que tinha boa música ao vivo e um bom ambiente. Não estava procurando por garotas, apenas sentar-se no bar, tomar uma bebida, ouvir música e talvez conseguir entabular uma conversa com o homem do bar. Algo que tirasse Brie da sua cabeça por alguns minutos.
Em vez de fazer amizade com o homem do bar, começou a manter contato com um dos garotos de uma das bandas que tocavam ali e que lhe deram a oportunidade de tocar com eles algumas noites. Era uma fuga para Roman, tanto da pressão que ele mesmo se impunha em Julliard, como da nostalgia que lhe causava não ter Brie ao seu lado todos os dias.
Os rapazes da banda ao descobrirem que Roman não conseguiu sair da cidade para as festas adotaram-no como mais um deles e o iniciaram em suas atividades que não eram as melhores exatamente.
Depois das festas, as saídas e encontros com estes personagens se tornaram mais frequentes e muito necessárias para Roman, que encontrava paz com eles e com o que eles ofereciam.
Seu contato com Brie foi diminuindo cada vez mais. Ela começava a ficar mais ocupada com a questão das admissões na faculdade e quase nunca se encontravam por telefone. Suas cartas para ela começaram a falhar quando surgiram os vícios e chegou um ponto em que ele quase nem escrevia.
O álcool tornou-se o seu melhor amigo e apesar dos conselhos de Cole ou da preocupação da sua avó, Roman continuou a ingeri-lo sem controle.
Os problemas na universidade se fizeram presentes com uma suspensão até que fizesse reabilitação, o que ele considerou uma grande bobagem porque não acreditava que tivesse um problema com a bebida.
Portanto voltou para Newport e toda sua vida se transformou em um completo caos.
O Roman que voltou para casa não era nem a sombra daquele que havia partido. Brie não acreditava no que seus olhos estavam vendo.
Elena avisou-lhe que ele não estava bem. Ela o viu antes dela e estava preocupada com seu irmão de vida.
Brie acreditava que ela estava exagerando.
Ela tinha sentido saudades dele com todo seu ser. Fazia tantos meses que não se viam e estavam sem se falar há mais de um mês por falta de tempo. Ela estava absorvida com a questão da admissão em Georgetown e além disso havia seu pai que não parava de achar engraçado que ela estivesse apaixonada por Roman.
Eles tiveram uma conversa sobre isso em que seu pai explicou que Roman não era o garoto certo para ela e que tinha certeza que era apenas um capricho, que quando tudo passasse e ela entrasse na universidade, conheceria candidatos magníficos para se casar e formar uma família.
A questão era que Brie só sonhava em se casar com Roman.
Isso a levou a ter o primeiro confronto forte com seu pai, no qual até sua mãe foi afetada. Nestes dias, decidiu evitar Roman para não dar mais motivo de briga para seu pai, no entanto, o homem não era bobo e em algumas ocasiões interveio por conta própria para que o assunto entre sua filha e o músico acabasse. Se cortasse a comunicação entre eles, a distância os envolveria e começariam a viver separados. Eles esqueceriam um do outro. Mais de uma vez ele atendeu o telefone e disse a Roman que Brie não estava em casa porque estava estudando na biblioteca. Na maioria das vezes era verdade e bom, nas outras vezes, era como uma extensão da verdade conforme via William que fazia tudo pelo bem da sua filha.
Assim que souberam que Roman estava em casa, Brie quis ir vê-lo e seu pai a impediu. Ele proibiu. Discutiram muito e ela decidiu não continuar com o assunto e ir para o quarto.
Chorou de raiva pelo comportamento do seu pai e deixou-se levar pelo impulso e pela necessidade de seguir seu coração. Depois resolveria com seu pai.
Saiu do quarto e desceu pela escada da cozinha; depois correu pelas sombras do jardim até chegar à casa de Roman onde o encontrou deitado no sofá azul que ficava sob a janela pela qual estava subindo.
Ele abriu os olhos com letargia e deu-lhe um meio sorriso.
Balbuciava palavras e Brie não estava entendendo o que estava acontecendo com ele.
Era tanto o desejo de vê-lo e estar de novo entre seus braços que depois se ocuparia de descobrir o que estava acontecendo com ele.
Queria beijá-lo, acariciá-lo. Deixar-se explorar por ele. Quando ele a beijou e a acidez da sua saliva misturada com o sabor de bebida alcoólica alcançou suas papilas gustativas, ela se afastou dele e levantou-se de um salto do sofá. Estava prestes a vomitar.
— O que está acontecendo, querida? — Roman arrastava as palavras, quase não conseguia se manter em pé e Brie não sabia o que fazer.
Lembrou-se, então de uma vez que seu pai estava neste estado e sua mãe deu um banho nele, colocou-o na cama e no dia seguinte tudo tinha passado.
Talvez Stella só estivesse sendo um pouco exagerada e Roman não estivesse se dedicando à bebida.
Não sabia como se sentir porque ele não era o mesmo. Esperava que, apesar da falta de comunicação e do tempo que estavam sem se ver, ainda existisse amor entre eles. Pelo menos da sua parte tinha certeza que existia. E isso a motivava a ajudá-lo a sair do estado em que estava.
— Vamos para o banheiro.
Ele apenas assentiu e agarrou-se a ela.
Brie pensou que teria de tomar banho logo porque sentia que ela também fedia a bebida. Como ele caiu neste estado. Ele sempre foi rebelde, mas o que o levou até ali?
Ela o ajudou a se despir e ele se esforçava para olhar para ela porque em determinados momentos seus olhos se fechavam. Da melhor maneira possível, deu um banho rápido nele e o levou para a cama. Ela sentia que estava exausta do esforço. Ele caiu como um carvalho no colchão e parecia que não ia se mover dali a noite toda.
Então ela aproveitou para tomar um banho rápido e vestiu uma camiseta velha dele porque a sua estava molhada e impregnada com o odor nauseabundo de Roman.
Ela deitou ao seu lado e deu um beijo em seu rosto.
— Te amo.
— E eu a você — ele balbuciou ao mesmo tempo em que a prendia entre seus braços e se a amoldava ao seu corpo para dormir com ela como se fosse um ursinho de pelúcia.
Seria um problema se livrar dele mais tarde, ela saiba, no entanto, estava tão à vontade ali que parecia que poderia desfrutar um pouco mais deste momento.
Não contava com que as redes do sono a prendessem com mais intensidade do que o amor da sua vida.
***
— Diz para ela descer agora mesmo porque senão eu vou e a faço descer obrigada!
— Por Deus, William! Pare com o drama que eles não estão fazendo nada que você não tenha feito com a idade deles — Mary Joe falava com os dentes cerrados indignada.
— Já mandei buscá-la — Stella parecia envergonhada. — Não sabia que ela estava aqui. Descobri quando abri a porta esta manhã e os vi dormindo.
— E não nos avisou?! Posso processá-la e levá-lo para a cadeia! — William estava realmente enfurecido. — Diabos! Este não é o futuro que quero para a minha filha!
Stella abaixou a cabeça e uma lágrima escapou dos seus olhos.
— Sinto muito, Stella, Willi está falando assim por causa da raiva depois…
— Não se meta nisso, Mary Joe! Não a defenda!
Brie desceu a escada com rapidez, apavorada pelos gritos do seu pai. Ela nunca o ouviu assim antes.
Roman quis descer com ela embora ela implorasse para que ele ficasse no quarto.
Ele estava com sede e não ficaria para ver como o pai dela continuava gritando em sua própria casa.
Estava sem camisa, de bermuda e com o cabelo despenteado. Ela vestia a calça jeans da noite anterior e a camiseta velha dele.
O olhar do seu pai doeu na sua alma.
Ele a estava julgado de uma maneira ruim.
— Nós nos amamos, papai. Estamos apaixonados.
Brie virou-se para procurar Roman e ele saía da cozinha com uma cerveja na mão.
— Roman, por favor, pare de beber — ela implorou.
— Isso é o que você quer para o seu futuro, Bridget? Um alcoólatra? É uma semente ruim e com certeza vai acabar como sua mãe!
— William! — Stella levantou a voz pela primeira vez. — Peço que, por favor, modere suas palavras.
Roman olhava para ele com raiva e para irritá-lo ainda mais, passou o braço pelos ombros de Brie e ela olhou para ele com cara de poucos amigos.
Não compreendia sua atitude infantil.
— Não piore as coisas, por favor.
— Te amo, Bridget. Não vou deixá-la ir, ponto — ele tomou um gole da cerveja.
— É isso que você quer para você? Para isso você se esforçou tanto? — William olhava para sua filha com sinceridade e Brie começou a duvidar do que realmente queria ao ver o sorrisinho zombeteiro de Roman e a garrafa vazia na sua mão. — Você sabe o que vai acontecer se na universidade descobrem sobre o comportamento do seu namorado? Imagina se ele aparece assim na sua faculdade, Bridget!
Brie olhou para ele.
— Por que você não me disse que foi aceita? — ele perguntou com indignação no olhar.
— Não tivemos tempo, Roman. Não conseguimos falar ao telefone e é uma notícia recente. Sua avó me disse que você viria em breve e preferi esperar para contar pessoalmente. Ontem não consegui. Você estava bêbado. Hoje continua bebendo. O que está acontecendo com você?
— Ah, querida, por Deus, não me venha com o mesmo da minha avó e o problema com a bebida. Não tenho nada. Ok?
William bufou e Roman olhou para ele com os olhos cheios de raiva.
Brie sentiu neste momento que estava diante de um perfeito desconhecido.
Onde estava o Roman por quem se apaixonou com loucura.
Seu coração se partiu. Ela olhou nos seus olhos e ele esquivou-se do seu olhar.
— Andando para casa! Não temos mais nada para fazer aqui! — William anunciou.
Bridget olhou para Stella que estava fazendo um esforço enorme para não começar a chorar.
— Seu pai tem razão, Brie. Talvez Roman não seja o que mais lhe convém.
Roman olhou com surpresa para sua avó e observou como William se fortalecia. Mary Joe só presenciava a cena angustiada pela sua filha porque sabia que isso iria doer muito. Ela estava muito apaixonada por este rapaz.
Bridget sentiu que caía em um poço profundo e escuro.
Talvez seu pai tivesse razão considerando que a própria Stella aconselhava o mesmo que ele. Era seu neto, por que ela não podia dar sua opinião?
Ela sentiu vontade de chorar.
— Brie, não vá embora. Vamos conversar — Roman implorou, agarrando-se a ela.
— Roman, deixe-a. Ela vai começar um novo caminho e você precisa se recuperar disso em que se meteu — Stella tentava aconselhar seu neto. Ela não tinha forças para enfrentar William e ainda mais com ele sabendo a verdade sobre sua Abigail e os erros que cometeu com Roman depois que ela faleceu.
— Brie — Roman sentiu um nó na garganta. Estava perdendo a garota dos seus sonhos? Ele sentiu medo. — Eu imploro, vamos conversar.
Brie aproximou-se e deu-lhe um beijo no rosto.
Roman sentiu que uma parte dele se reduzia a pó.
Era um adeus?
Ele segurou seu rosto entre as mãos.
— Brie — sua voz tremia. Ela estava fazendo um esforço enorme para parecer durona. —Sei que não é isso que você quer. Nem eu. Eu te amo, não vá.
Bridget respirou fundo e sorriu sem entusiasmo enquanto retirava as mãos do seu rosto.
— Sinto muito, Roman. Sério. Sinto muito — foi a última coisa que ela disse antes de sair correndo da sua casa sem olhar para trás.
Ela estava dividida.
Uma parte dela dizia que estava fazendo o certo. A outra estava disposta a nunca mais falar com ela por não ter a coragem de defender o amor entre eles. Seu comportamento só dava motivo ao seu lado coerente que era da mesma opinião de Stella e seu pai.
Que futuro ela tinha com ele se ele nem admitia que tinha um problema?
Só os anos a deixariam saber se sua decisão estava certa ou não.
Sobre mim…
Sou uma escritora latino-americana independente com mais de 30 livros autopublicados e mais de 45.000 cópias vendidas.
Escrevo livros de ficção romântica: Contemporâneo, Paranormal e Suspense. Alguns dos meus livros foram traduzidos para o Português, Inglês, Italiano, Francês e Alemão
Em 2017, na cidade de Málaga, Espanha (declarada capital da literatura Indie #mesindie), participei como palestrante em uma mesa redonda organizada pela Amazon KDP Espanha, comemorando o mês de autopublicação.
Adoro ler, comer, dançar e tomar café – muito! – também adoro tudo o que está além do que não podemos ver: coisas místicas e paranormais. Talvez seja isso que me fez estudar: Tarô, Wicca, Alta Magia e Reiki.
Agora, eu moro em Málaga – a uma distância muito curta do mar, o que é ótimo – com meu marido e minha filha, que são meu apoio e inspiração para continuar escrevendo.
