— Sente-se, Jack — ela disse enquanto se acomodava no sofá e tirava do seu bolso uma caderneta e sua caneta — Começa a narrar tudo o que aconteceu esta noite desde o momento em que você saiu de casa. Não pode ignorar nem se esquecer de nada.
Jack começou a narrar os fatos desde que entrou no carro com Stuart, seu motorista e foram buscar Valerie na sua casa. Contou que ela saiu de casa de mãos dadas com seu namorado. Depois disse que Valerie tinha sido uma mulher muito astuta porque, a caminho do restaurante, fecharam um acordo verbal para a exibição na galeria.
Disse em qual restaurante jantaram e que durante o jantar tomaram várias taças de vinho.
— Taças ou garrafas, Jack? — ela perguntou sem levantar os olhos do seu bloco de notas.
Jack suspirou.
— Garrafas — respondeu resignado.
Houve um silêncio desconfortável em que Jack pensou que ela explodiria e gritaria que ele era um imbecil e que se sentia desapontada com ele.
Mas isto não aconteceu, não porque Zoe não quisesse fazê-lo.
Na verdade, isso foi o mínimo que pensou fazer quando ele respondeu: ‘Garrafas’. Mas disse a si mesma que se comportaria de maneira profissional e isto era o que estava fazendo.
Levantou os olhos do papel e disse para Jack:
— O que aconteceu depois?
Jack olhou para ela com espanto.
— Não vai me repreender por ter bebido?
— Não, Jack — ela continuava concentrada nas suas anotações. — Não sou sua mãe nem seu pai nem sua irmã. Acreditava que poderia me classificar como amiga, mas também não sou. Então, sou apenas sua advogada, que se limita a fazer seu trabalho e meu trabalho não é ser sua babá. Esta sua maneira de chamar a atenção bebendo para que as pessoas se compadeçam de você absolvendo-o com o fato que você perdeu sua mãe em uma idade muito precoce é para crianças e você já é um adulto. Supere a morte da sua mãe e comece a se comportar como um homem.
Jack sentiu que esta era a maior bofetada que lhe deram na sua vida.